quarta-feira, 26 de julho de 2017

Semana Mundial de Aleitamento Materno 2017

A Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) foi lançada pela WABA (Aliança Mundial para Ação em Amamentação), em 1992, com o objetivo de dar visibilidade a amamentação, incentivando todos os grupos do mundo a trabalhar o tema na prática e a colocá-lo na mídia para ampla divulgação.
A SMAM é comemorada em todo o mundo durante os dias 1 a 7 de agosto, esse ano o HC de Botucatu oferece sua programação nos dias 21 e 22 de agosto. Confira a programação!


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sobre a duração do trabalho de parto e a desculpinha da parada de progressão!!


O ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologysts), equivalente à nossa FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), aderiu à curva de evolução de trabalho de parto proposta por Zhang e colaboradores desde 2002.



Antes  dessa recomendação, o consenso internacional era seguir a curva de evolução do trabalho de parto proposta por Emmanuel Friedman, em 1952. Nada contra Friedman, que na verdade fez o que pode em sua época, mas baseou todo seu trabalho em um número pequeno de mulheres americanas da época, e seria ilógico pensar que essa verdade científica fosse real até os dias de hoje. 

Sabemos que medicina não é uma ciência exata, e que na prática acaba sendo a ciência das verdades temporárias, uma vez que praticamente todo conhecimento se renova em 5 anos.
Mas enfim, o ACOG lançou seu consenso agora, publicado como o primeiro de uma provável série baseada na “força tarefa” chamada de “preventiva da primeira cesariana” (Safe prevention of the primary cesarean delivery. Obstetric Care Consensus No. 1. American College of Obstetricians and Gynecologists. Obstet Gynecol 2014;123:693–711). Entendam, brasileiros: em países sérios, há inúmeras iniciativas para redução da taxa de cesariana!!

As tabelas do artigo mostram que a morte materna foi 4,3 vezes superior em cesarianas, e a morbidade respiratória neonatal  chegou até 4 vezes, comparadas com nascimentos por via vaginal. Ou seja, o ACOG entende que cesariana é cirurgia de emergência, que deve ter uma clara justificativa, porque aumenta morbidade tanto para mães como para seus bebês.

A famosa “distócia de progressão” ou “trabalho de parto protraído” ou "parada de progressão" é uma das maiores justificativas utilizadas para indicação da primeira cesariana nos EUA. Daí a necessidade de redefinição dos períodos do trabalho de parto quanto a sua duração.

Baseado na curva de Zhang, o ACOG define que, na fase ativa do TP, se houver mais de 6 cm de dilatação com membranas rotas, só devemos diagnosticar trabalho de parto protraído (que não evolui, a famosa “distócia de progressão”) se não houver mudança cervical após 4 horas de contrações efetivas, ou 6 horas de contrações ineficazes. 
Detalhe: a observação de 6 horas de contrações irregulares SEM USO DE OCITOCINA, QUE NÃO ESTARIA INDICADA ANTES DISSO!!!!!

Além disso, a tabela 3 do artigo salienta:
  1. A fase latente prolongada (mais de 20 horas em nulíparas e mais que 14 horas em multíparas) não deve ser uma indicação para cesariana.
  2. Trabalho de parto lento, porém  progressivo, na primeira fase não deve ser uma indicação para cesariana.
  3. Dilatação cervical de 6 cm deve ser considerada a dilatação inicial na fase ativa da maioria das mulheres em trabalho de parto. Assim, antes de 6 cm de dilatação, os padrões de progresso de fase ativa não devem ser aplicados. 
  4. Cesariana por protração da fase ativa deve ser reservada para as mulheres com dilatação superior a 6 cm, com ruptura de membranas, que não conseguem progredir  após 4 horas de atividade uterina adequada, ou pelo menos 6 horas após a administração de ocitocina com atividade uterina inadequada e nenhuma mudança cervical.
  5. A duração do período expulsivo (2ª fase) é baseada em avaliações de baixo grau de evidência, portanto é sujeito a avaliações individuais, desde que não haja exaustão materna nem alteração da vitalidade fetal.
  6. Não se considera expulsivo prolongado antes de 3 horas para primíparas, e 2 horas para multíparas, considerando PUXOS ESPONTÂNEOS.
  7. O parto vaginal é recomendável para gestações gemelares com o primeiro feto em apresentação cefálica, mesmo que o segundo esteja pélvico ou transverso.
Cada vez mais surgem evidências que, na assistência ao parto, a MENOR intervenção é sempre a MELHOR conduta.
Então você, que é cuidador de parto: vamos estudar???
Um trabalho de parto fisiológico não necessita de internação antes de 6 cm de dilatação. Você deve esperar a dilatação acontecer, mesmo que ela esteja ocorrendo lentamente. Não tenha pressa em mandar a mulher fazer força antes que ela mesma manifeste esse desejo. Comece a contar o tempo de expulsivo somente após o início dos puxos espontâneos, mesmo que a dilatação do colo já seja total antes disso (aliás, você fez toque vaginal para quê, mesmo??). Monitore a ausculta cardíaca fetal a cada 15 minutos no expulsivo em mulheres de risco habitual, observando variabilidade.
Tenha tranquilidade.
NUNCA, em hipótese alguma, faça pressão fúndica uterina para o nascimento da criança (manobra de Kristeller). Isso é desnecessário e prejudicial. Se você tem pressa, vá dar uma volta, abra o notebook e leia esse consenso.
Seja um assistente de parto, e não um realizador do processo! Mulheres agradecem, e a boa ciência também.


Essa nota foi escrita por Carla Andreucci Polido

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Pródromos - Como lidar ?

Quando chegamos às 38 semanas de gestação, consideramos que o bebê está a termo, a data provável do parto logo vai se aproximando e junto com isso a ansiedade pode ir aumentando. Em um país de cultura cesarista como o nosso, chegar as 40 semanas, é como passar do prazo de validade! Mas não podemos deixar de lembrar, que uma gestação pode durar em torno de 42 semanas, por isso, se preparar para essa reta final da melhor forma possível torna as coisas mais leves e pode também ser bastante prazeroso!

Eis que um dia, o corpo começa a demonstrar sensações diferentes...as contrações ficam mais perceptíveis, parece até que junto delas vem uma cólica na lombar ou bem no "pézinho" da barriga! E então, você pega sua mala, avisa seu médico, liga para sua Doula!! Seu coração dispara, você pensa que finalmente o dia tão esperado chegou...e de repente...as contrações passam! Sim!! Alarme falso!

Mas no dia seguinte, lá estão elas novamente...mais fortes, mas ainda sem ritmo! E novamente vem aquele misto de emoção e ansiedade...e então você pensa: Agora vai!!! E em seguida, elas se vão novamente...



Na maioria das vezes não e fácil lidar com essa inconstância...com esse vai não vai...mas na verdade esses momentos são bastante importantes. São os pródromos!

É chamada de pródromos essa etapa que algumas vezes acontece antes de se iniciar o trabalho de parto latente. Podem durar dias ou até mesmo semanas, e é assim...os sinais aparecem e logo desaparecem...Começam, mas não engrenam. A mulher sente como se estivesse entrando em trabalho de parto, mas nos pródromos pode não haver nenhuma dilatação do colo.

Para algumas mulheres pode não ser muito fácil de lidar com esse processo, mas se você entender que cada coisa tem seu tempo,que a natureza sabe como agir, e que quando seu bebê estiver pronto pra nascer as coisas realmente irão acontecer, você pode fazer desse momento uma possibilidade de viver uma bela preparação física e principalmente emocional para o momento do parto. Sinta seus medos, aproveite os pródromos para conhecer as sensações e observar a sua forma de lidar com elas.

O corpo da mãe e do bebê estão se preparando para o nascimento, e esse momento está próximo de chegar...então aproveite! Tomes banhos demorados...tome um chá bem acompanhada.. namore...peça para seu companheiro(a) uma boa massagem nos pés...procure descansar.

Enfim, saiba que sua hora vai chegar...entregue-se ao processo do nascimento, e permita-se renascer!


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Sobre a Lei da Doula



Parece que foi ontem que comecei a atuar como Doula...lembro de pessoas e situações que aconteceram ainda beeem no comecinho deste aprendizado! Quando eu ainda nem sabia direito o que fazer pra ajudar aquelas mulheres todas!

Mas o tempo passou...pessoas chegaram, outras partiram...mas eu ainda estou aqui, e a batalha continua.

Trabalhar exclusivamente como Doula nem sempre é fácil! As pessoas costumam ver superficialmente esse oficio...como um passatempo, ou como uma coisa linda e romântica...Mas a realidade não é bem essa.

Ser doula pra mim, é um pouco como parir (apesar de nunca ter parido, eu pude presenciar e sentir isso com tanta intensidade e tantas vezes, que quase acreditei em algumas delas que já tivesse vivido aquilo!) Mas recapitulando... ser doula é um pouco como parir, precisa de entrega, de informação, de insistência, suor, sangue, lágrimas e até mesmo gritos algumas vezes. Porque doula também é humana, também é mulher, também é mãe...e também tem medos, fraquezas e inseguranças.

Enfim...quando a coisa é vital, ela acontece! E então se passaram quatro anos! E eu continuo amando fazer isso, e continuo tendo que enfrentar algumas barreiras, dentre elas a maior de todas...EU mesma!

Essa semana aconteceu uma das maiores conquistas e provações que sinceramente durante muito tempo duvidei ter forcas para fazer e acontecer... Mas com MUITO, muito, muito apoio, sim, ela aconteceu!!

Foram três meses para que as coisas se desenrolassem e finalmente o dia chegou!!! 15 de fevereiro de 2016!! O dia da votação do projeto de lei N° 92/2015, ansiedade a mil, apenas três dias para divulgar isso e tentar encher a câmara municipal de pessoas unidas pelo mesmo ideal, mas deu tudo certo! Conseguimos!

Botucatu agora aprova a presença das doulas em todas as instituições hospitalares que prestam assistência ao parto! E com certeza isso é um ganho das mulheres!

E quem mais ganhou fui eu! Ganhei força, confiança no meu trabalho, e a certeza de que tenho comigo gente que torce por mim...pelas minhas conquistas!

Quero agradecer a todos que de alguma forma ajudaram...cada um de vocês sabem exatamente quem são! <3













Relato de Parto da Ana Carolina - Nascimento do Davi

Davi: desejado, planejado e intenso!

Finalmente arrisco a fazer meu relato de parto...
Confesso que já ensaiei algumas vezes... desisti, achei que estivesse “enferrujada” na arte de escrever, mas não... estava, apenas, vivendo, sentindo e respirando meu puerpério.

Pois bem.
Davi, esse era o nome escolhido muito antes de nos descobrimos “grávidos”.
E, por razões que não sei explicar, eu tinha certeza que seria mãe de um menino.
Eu sempre quis ter um parto normal e, sabendo que teria que ir contra o sistema, comecei procurando uma Doula e encontrei minha querida Mariana Castelo Branco.
Através dela e de seu grupo de apoio (Do Fundo do Ventre), conheci a Dra. Claudinha (Claudia Garcia Magalhães), a médica mais humana, gentil, carinhosa, alto astral, atenciosa e fofa do universo! Neste dia, eu disse a ela que ainda não estava grávida, mas que não abria mão de tê-la como médica, especialmente depois que vim a saber que ela não só torcia para o nosso Corinthians, como também fazia o famoso “batismo corinthiano” na hora do nascimento! rsrsrsrsrsrs

Então, no dia 07 de janeiro de 2015, com 13 dias de atraso, sem muitas expectativas, fiz exame de sangue e, BINGO, estava grávida!
E agora? Queria contar de um jeito especial para o Thiago, então peguei uma roupinha fofa de bebê que tinha comprado para dar de presente e na caixa colei o resultado do exame e entreguei para o “papai”, que jogou a caixa longe e nem viu o exame... mas, ao pegar aquele body minúsculo, incrédulo, olhou pra mim, perguntou se era verdade e me abraçou longamente!

Fiz o exame de sexagem fetal, pois estava saindo de viagem e queria aproveitar para fazer o enxoval lá fora. E lá mesmo recebi a confirmação de que esperava o Davi!!!

De volta ao Brasil, com 14 semanas, a primeira bomba: meu pai, uma pessoa de hábitos super saudáveis, teria que se submeter a uma cirurgia cardíaca de grande porte.Vencemos, como eu tinha certeza que venceríamos, afinal meu filho não podia nascer sem conviver com o melhor vovô do mundo!!!

Alguns meses mais tarde, já de 28 semanas, a segunda bomba: o atropelamento de uma pedestre na rodovia, sem consequências físicas, mas um susto sem tamanho.

E, por fim, na reta final, já com 38 semanas, uma cólica renal insuportavelmente dolorida, que me fez confundir com os pródromos.

Ah, não posso esquecer de contar que a Claudinha estava indo para congressos/simpósios nessas últimas semanas e que eu sempre conversava com o Davi, pedindo pra ele esperar a “tia Claudinha” voltar! E ele, de fato, obedeceu a mamãe e esperou!!! kkkkkkkkkk

E de fato ele esperou! Com 39 semanas e 5 dias, as contrações vieram pra valer. Por volta das 22h00 do dia 1º de setembro de 2015, comecei a ficar sem posição, sentia um forte incômodo na pelve, irradiando para a lombar.
Decidi ir deitar e, então, as contrações foram ritmando. Pedi para o Thiago ligar pra Mari e pra Claudinha... não sabia o que fazer/esperar. Fomos para o Hospital por volta das 0h30 e a Mari nos encontrou lá. Após ser examinada, com 4 cm de dilatação, decidimos voltar pra casa e esperar lá o TP ativo, onde alternei entre a cama e o chuveiro, devido ao pouco espaço no apto, vocalizando muito, pois isso me ajudava a aliviar a tensão, além de ter a Mari e o Thiago me amparando, massageando, encorajando, apoiando, cuidando e incentivando.




Nessa hora, tenho que dizer, bate uma tremenda insegurança, parece que perdemos a “coragem”, sei lá... perguntei pra Mari se a Claudinha me daria anestesia, caso eu pedisse... hahahaha

Até que, às 7h30 o Thiago disse que eu precisava levantar para irmos ao hospital e chegar junto com a Claudinha. Nesse exato momento, relaxei por completo, especialmente por ter a certeza de que tudo sairia como havíamos planejado...a bolsa rompeu! E foi um aguaceiro só! Hahahahahahahaha

Dei entrada na maternidade por volta das 8h30... a Claudinha me examinou e constatou 9 cm de dilatação (eu acho)... era chegada a hora de conhecer meu pequeno príncipe, já que ao longo de toda a gestação ele nunca quis mostrar seu rostinho no ultrassom.




Perto das 9h00 fomos para a sala de pré-parto, cuidadosamente preparada pela equipe da Claudinha. Bola, colchonete, chuveiro quentinho, banqueta, luzes apagadas, equipe reduzida, enfim... um sonho! Ali fiquei um tempo no chuveiro quentinho enquanto pude... até que pedi a banqueta, onde fiquei até o final.



Nessa hora, já entregue à partolândia, e sempre amparada pelo meu amor, pude ver a querida Alicinha Kiy(pediatra n.º 1 do Davi) e nossa amiga mais que especial, Bianca Cassettari emocionadíssima, vivendo tudo aquilo conosco e nos dando a força necessária para trazer o Davi ao mundo de um jeito todo especial.




E, em meio a tanto amor, sem comandos, apenas com a sugestão da Claudinha para que eu tentasse tocá-lo para sentir que ele estava chegando, sentindo o choro carregado de emoção de um pai espetacular, o meu mundo se tornou mais azul!

Assim, num parto natural humanizado, no dia 02 de setembro de 2015 às 10h02m, Davi chegou de mansinho, calmo, com um chorinho leve que cessou no imediato momento que veio para os meus braços entrelaçados pelos do Thiago.
Lindo, forte, saudável e com o nariz do papai (rsrsrs), com 49,5 cm e 3,280 kg, Davi foi colocado para mamar e esperamos o cordão para de pulsar para clampeá-lo.
Ficamos separados por pouquíssimos minutos, apenas para os procedimentos indispensáveis, porém não padronizados, sempre na presença do papai mais fresco do pedaço. Depois disso, ficamos nós três, inseparáveis, por todo o tempo que estivemos no hospital.
Ah, não posso esquecer de dizer que houve ainda o “nascimento” da placenta, de forma natural, sem qualquer manobra ou tracionamento. E, ao final, a melhor das notícias, períneo íntegro, sem nenhuma laceração importante, desnecessário qualquer ponto.













Quanto à dor... sim, dói, mas tenho comigo que muitas outras coisas doem infinitamente mais. Por exemplo, a cólica renal que me acometeu dias antes do nascimento... foi bem pior que a temida “dor do parto”, principalmente porque a esqueci imediatamente após ter o Davi em meus braços!!! E, sim, penso em sentir e viver essa dor mais uma vez, pelo menos!!!hahaha

Sem dúvida, posso dizer que foi a experiência mais intensa da minha vida, que me transformou e continua me transformando diariamente, há pouco mais de 5 meses.

Pra terminar, digo que todas nós, mulheres, nascemos para parir. Esta é a natureza.
Então, se este é o seu desejo, vá em frente, informe-se, contrate uma doula, corra atrás de um médico que realmente respeite a sua vontade, porque PARIR vale a pena sim.


Palavras nunca expressarão suficientemente minha gratidão, mas deixo aqui o meu “muito obrigada” a todos que participaram desse momento conosco, especialmente a Claudinha, a Mariana e a Alicinha, que nos assistiram de maneira espetacular!

Ana Carolina.












quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Relato de parto da Josy - Nascimento do Henrique.

 

 A chegada do nosso Henrique envolve a participação de muitas pessoas, começando com a concepção, pois devido a uma deficiência hormonal eu não ovulo naturalmente. Foram 4 tentativas (tratamentos) em sete anos para, finalmente, a gestação ocorrer.Durante esse processo conhecemos pessoas muito especiais, a quem somos gratos e com as quais dividimos essa alegria: Dra. Anaglória, Dra. Ana Gabriela, Dra. Anice, Dra. Lucia (FMB da UNESP de Botucatu) e os demais profissionaisda UNESP que nos acompanharam. Neste último tratamento, recebi injeções hormonais diárias durante 2 semanas, acompanhamento ultrassonográfico periódico, uma inseminação artificial e muitas, muitas vibrações positivas e orações de todas elas!

Juntamente a isso, eu vivia um momento especial de terapia,autoconhecimento e empoderamento com a iluminada Lizandra Hachuy e um processo de purificação com alimentação baseada na terapia ayurvédica com o querido Fernando Mansur. Dessa vez, eu sentia que daria certo! Quinze dias após a inseminação fiz a dosagem de beta-HCG e recebemos a grande notícia: gravidíssima!! Pode parecer bobagem, mas eu sempre quis sentir o gostinho de ver as duas barrinhas naqueles testes de farmácia... aí meu marido comprou 2 testes pra que eu vivesse essa alegria!
            Estávamos grávidos!Foi uma gravidez saudável, sem dificuldades, problemas, nem enjoos! Meu filho me acompanhou nas mais diversas atividades e viagens necessárias para que eu finalizasse meu doutorado. E meu amado esposo foi muito paciente, compreensivo e, principalmente, muito participativo desde o início.

            Sempre desejei o parto normal, mas não tinha conhecimento sobre as peculiaridades dos tipos de parto. Começamos uma peregrinação por informação e, quanto mais eu aprendia mais certeza eu tinha: eu merecia vivenciar um parto natural humanizado, sem intervenções, sem anestesia. Meu marido me apoiou após desfazer seus preconceitos e ampliar seu conhecimento no assunto; a maioria das pessoas arregalava os olhos e me achava louca, mas eu sabia o que queria e o porquê. Conhecemos nossa doula Mariana Castello Branco e começamos a participar dos encontros do grupo de apoio ao parto, pós parto e maternidade “Do fundo do ventre”, cujas reuniões só aumentavam a certeza de nossa decisão.

No oitavo mês de gestação as ultrassonografias mostravam que nosso filho estava pélvico (sentado) o que, segundo o meu até então obstetra, não permitiriao parto normal. Estudamos mais, assistimos a vídeos de partos pélvicos e percebemos que sim, era possível. No entanto, a cada visita ao médico, sua insegurança quanto a esse tipo de parto o fazia encontrar os mais diversos motivos para que eu aderisse à cesariana, mas essa não era a minha vontade. Com ajuda da Mariana conhecemos a Dra. Claudia Magalhães que, com seu sorriso e olhar sereno, nos conquistou à primeira vista (Gratidão Mariana!!!). Conversamos a respeito das possibilidades: tentar a versão externa para posicionar o bebê em apresentação cefálica ou o parto natural mesmo estando pélvico (somente ela aceitou nos assistir nesse tipo de parto). 
Diante disso, fiz sessões de acupuntura com a Lizandra, fiz os exercícios da Naoli e uns exercícios de yoga que auxiliam na virada do bebê. Também tentamos a versão com a Dra. Cláudia, mas nosso Henrique continuava pélvico.... ele já havia escolhido nascer assim! As consultas com meu obstetra iam minando minhas esperanças de vivenciar o parto natural. Comecei a me sentir psicologicamente abalada e insegura, além de pressionada por ele a agendar a cesariana antes de entrar em trabalho de parto! Não...não era essa a minha vontade!!!Algumas pessoas começaram a nos desestimular contando histórias de tragédias em nascimentos...Sabemos que não é por mal, mas o problema é que as pessoas projetam seus próprios medos em algo que não é delas. E então as nossas parceiras Lizandra e Mariana nos ajudaram a perceber que éramos nós que devíamos decidir, afinal EU era a protagonista do MEU parto! Não foi fácil, mas nos fortalecemos muito nessa luta. Foi então que nos responsabilizamos pelo parto do Henrique e decidimos abandonar, aos 9 meses de gestação, o primeiro obstetra (que ainda insistia em agendar a cesariana). Nos jogamos de corpo e alma no processo de escrever o plano de parto, tirar as dúvidas com nossa doula Mariana e conversar com Dra. Cláudia para que ela nos acompanhasse no parto. Infelizmente, em nosso país a maioria dos médicos indica a cesariana em nascimentos de bebês pélvicos por desconhecerem ou não possuírem experiência na assistência a esse tipo de parto. Nossa escolha havia nos levado a alguém com essa experiência. Gratidão Dra., por nos receber, acolher e auxiliar no parto.

O dia 24 de fevereiro amanheceu e eu era membro da banca de defesa de mestrado de uma amiga, mas não compareci pois não me sentia bem. Fiquei muito chateada, chorei muito porque seria membro da banca de defesa demestrado de uma amiga muito especial, mas segui minha intuição e fiquei em casa, repousando. Sentia umas pontadas embaixo da barriga, mas não me preocupei. À noite, fui à UNESP dizer para a Dra. Cláudia que nossa decisão sobre o parto natural estava tomada e firmar nosso pedido para que ela nos assistisse no parto. Eu e o Henrique (ainda na barriga) ouvimos tudo com muita atenção, especialmente quando ela disse: “AhJosy, seria tão bom se ele nascesse hoje, pois estou de plantão... no final de semana estarei fora, em um Congresso”. Voltei para casa, com minhas 39 semanas e 5 dias de gestação, entregando tudo ao Universo e à sua poderosa energia. Meu marido chegou da faculdade onde é professor,trazendo um pedaço de bolo de aniversário da minha cunhada Isabel, afinal grávidas não passam vontade (rs), e contei a ele o que havia conversado com a Dra. Ele sorriu, confiante de que daria tudo certo. Quando me levantei, após devorar o maravilhoso bolo prestígio, senti a bolsa rompendo e o líquido escorrendo por minhas pernas. Meu companheiro veio ver o que estava acontecendo e só consegui dizer “Começou amor... o Henrique está vindo!”.

Terminei de arrumar minhas coisas pra levar à maternidade, avisamos a Mariana e a Dra. Cláudia que o TP havia começado. Era uma mistura de sensações, eu estava feliz, empolgada e ansiosa. Sabíamos o que estava por vir, mas imaginei que a madrugada seria regada a contrações espaçadas e iríamos ao hospital somente pela manhã. Tentei deitar e descansar um pouco mas não consegui; à 1h da manhã as contrações já vinham a cada 10 minutos, mesmo assim optamos por não chamar a Mariana. Fui pro chuveiro tendo meu maridocomo observador, cronometrista e fotógrafo. Sim, curtimos o momento fazendo fotos entre e durante as contrações,que ficavam cada vez mais fortes e já vinham a cada 5 minutos. Quando começaram a ficar mais intensas e eu comecei a ter a sensação de que iria desmaiar (parecia que minha pressão estava baixa) ligamos para a Dra. e seguimos para a UNESP. Ao chegar lá (3:30h), Dra. Claudia me tranquilizou aferindo minha pressão, que estava normal (era só uma sensação de pressão baixa), e me deu uma notícia maravilhosa ao me examinar: “Você já está quase com dilatação total! Marido, liga pra Mariana e diz pra ela pular da cama se quiser assistir ao parto!! (rsrsrs)”. Fomos pra sala de parto, experimentei como deveria ser minha posição no momento da fase expulsiva do TP (quatro apoios, ajoelhada em um colchão com o peito apoiado em uma bola – aquelas de pilates), e nessa posição fiquei. Tive liberdade para caminhar, mas as contrações não me permitiam. Abracei aquela bola com toda a força do mundo e me entreguei totalmente à partolândia e ao nascimento do Henrique. Recebi o carinho nas massagens da Mariana, água, amor e apoio do meu amado esposo João Guilherme, o cuidado e as palavras encorajadoras da Dra. Claudia e as boas energias da Lizandra, que não dormiu esperando notícias!!

Não tive medo em nenhum momento. Havia uma atmosfera de paz, amor e segurança naquela sala. Quando já estava bastante cansada, perguntei se ele estava chegando e a Dra. sugeriu que eu tentasse tocá-lo. Com alegria pude sentir o bumbum muito próximo de sair (bebê pélvico = nasce o bumbum primeiro) e me entreguei novamente ao trabalho de parto. Assim, às 6:48h da manhã do dia 25 de fevereiro de 2015, Henrique veio ao mundo tranquilo, fazendo xixi e, em silêncio, abriu os olhos. Chorou só um tiquinho e se acalmou no meu colo (as “tias” e o papai choraram também). Pude então sentar, abraçada pelo meu marido e com meu filho nos braços. A pediatra de plantão daquela manhã (minhas desculpas à dra cujo nome não me recordo) avaliou os sinais vitais dele sem tirá-lo de mim. Esperamos o cordão umbilical parar de pulsar e o valente papai Gui o cortou dizendo mentalmente ao nosso bebê: “Meu filho, a partir de agora você poderá seguir seu caminho neste mundo. Esse caminho será só seu, mas papai e mamãe sempre estarão aqui para te ajudar, guiar, acudir ou só para te dar colo”. O Henrique começou a sugar o colostro ali mesmo! Tudo o que havíamos escrito no Plano de Parto foi respeitado. Henrique nasceu saudável, com 48cm, 3,135kg, de um parto natural e humanizado. Nasceram também a mãe Josy e o pai João Guilherme. Houve ainda a expulsão da placenta e outra boa notícia: não seria necessária a sutura do períneo, pois a laceração havia sido muito pequena. Fomos pro quarto com nosso filho logo em seguida e, à tarde, eu mesma dei o primeiro banho nele!

Essa experiência foi muito intensa, especial e transformadora pra mim, pra nós. Sou imensamente grata a todos que participaram destes momentos e que nos apoiaram! Foi tudo tão possível que lá mesmo na sala de parto, enquanto esperava a saída da placenta, eu já pensava no próximo... no próximo parto, porque não? Tenho certeza de que será tão maravilhoso quanto este. Se parir dói???Dói, dói muito! Mas vale saborear cada momento, cada contração, por que o que fica vivo na memória não é a dor, mas a satisfação por ser capaz de se permitir realizar e se transformar! Nosso corpo é preparado para isso, e a natureza, assim como as peculiaridades de cada organismo, precisam ser respeitadas.

Se você, que está lendo esse relato, tem vontade de parir de forma natural, não desista! Informe-se, procure e participe de grupos de apoio ao parto humanizado, contrate uma doula e procure assistência médica que possibilite isso de verdade, não só na teoria.
Ah... e se é possível dar à luz a um bebê pélvico de forma natural? Sim, é possível! E me orgulho muito por ter vivenciado isso de forma tão intensa, real, por ter me partido ao meio e renascido totalmente nova deste processo. Estamos há 8 meses vivendo intensamente a maternidade/paternidade real, vencendo desafios, dificuldades e curtindo cada conquista do nosso filho!
Nossa eterna gratidão à você, Mariana, por todo apoio durante essa maravilhosa experiência até os dias de hoje!




sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A chegada de Valentim!! Um relato muito especial

Minha gestação e meu parto, uma experiência transcendental de amor!!! Bom, como prometi para minha querida doula e amiga Mariana Castelo Branco, chegou o momento de relatar o meu parto e partida do nosso amado filho Valentim.No dia 01 de Março de 2014, após 1 dia de atraso de minha menstruação resolvi fazer um teste de gravidez de farmácia e lá estavam os dois risquinhos. Um susto imenso, pois não achávamos que engravidaríamos tão fácil... mas, a gravidez foi bem vinda, pois já estávamos juntos há 4 anos. Para nossa família foi imensa alegria!Então chegou o momento de buscar um obstetra pensando já no parto que eu gostaria de ter, reflexão esta que eu já vinha tendo muito antes de engravidar.Eu tenho plano de saúde e passei por algumas consultas com ginecos e obstetras para tentar discutir possibilidades de partos naturais, muito antes de engravidarmos e me deparei com propostas de partos normais acompanhadas de pagamentos de taxas, que quase pagam um parto domiciliar, só para o obstetra aguardar meu trabalho de parto... é, triste realidade.


Como sempre fui muito ideológica e lutei contra a mercantilização de serviços e processo, seria incompatível aceitar uma cesariana sem que houvesse real indicação. EU QUERIA UM PARTO NATURAL, com tudo o que eu tinha direito!!!Por sorte, ao me consultar com uma nutri, antes mesmo de engravidar, ela me indicou uma obstetra, do SUS, na UNESP de Botucatu. Ao saber do resultado, eu realmente estava grávida, contatei a obstetra, a Claudinha e comecei minha jornada rumo a maternidade!A Claudinha me passou muitas coordenadas e uma delas a importância de uma doula, e assim, cheguei até a Mariana. Conversamos, nos conhecemos e nos gostamos!Os exames começaram e tudo estava normal. Eu não tinha enjoos e nem mal estar...que ótimo, pois muitas mães relatavam coisas horríveis de começo de gestação. Pelos ultrassons víamos que corria tudo bem com o bebê, apesar dele ainda ser bem pequenininho.


Aos 3 meses ao sabermos o sexo do bebe, soubemos também que ele tinha uma pequena onfalocele. Quase aos 4 meses fizemos novo ultrassom, com o bebe já maiorzinho e soubemos que além da onfalocele ele tinha uma má formação incompatível com a vida...Nossa obstetra nos acolheu e pontuou que por se tratar de uma má formação que não possibilitaria a vida de nosso filho após o nascimento, tínhamos direito, caso fosse nosso desejo, de solicitarmos interrupção da gestação judicialmente.
Naquele momento meu mundo e de meu marido desabaram.No caminho para a casa, muitas coisas passavam pela minha mente, inclusive as aulas sobre políticas públicas para pessoas com deficiência, na qual eu apresentava uma peça de teatro sobre uma mãe que descobria que o filho era deficiente, logo após o nascimento... é, de fato, aquilo que eu apresentava nas aulas para outras turmas na faculdade, naquele momento aconteciam comigo. Todos os meus sonhos de mãe começaram a desabar.


Foi ai que tudo virou de ponta cabeça. Meu marido e eu refletimos sobre interromper ou não a gestação, e decidimos juntos que NÃO interromperíamos.Foi um choque, piramos, choramos, brigamos com Deus, quase nos divorciamos, mas o universo nos aproximou de pessoas que poderiam verdadeiramente nos ajudar em nossa decisão já tomada e toda a jornada que havia pela frente: iríamos com nosso bebê até onde ele conseguisse.Surgiu em nossa vida novas pessoas, antigos amigos reapareceram, outros estreitaram vínculos conosco e assim seguimos uma maratona de terapias, psicoterapias, constelação familiar, homeopatias, florais, reikes, conselhos com amigos de notória evolução espiritual, comidinhas especiais trazidas pelas amigas, entre outros mimos.Nossa tristeza maior passou e então conseguimos nos conectar verdadeiramente ao nosso Valentim, que apesar do diagnóstico, quando ainda em gestação estava vivo e bem vivo... rsrsrs. Ele pulava, chutava, cutucava, virava e quando eu achava que algo de “inesperado” poderia estar acontecendo com ele, nos conectávamos e ele logo mexia, como se dissesse... “mamãe, ainda estou aqui”.


Tudo o que eu comia logo pensava... “uhhhhh filho, a mamãe adora essa comida, experimenta...”. Meu esposo desenhava o Valentim em minha barriga de caneta e assim seguíamos, uma hora mais feliz e outras menos.Mariana, nossa doula, soube da situação... nosso filho, ao nascer, morreria... e mesmo assim continuou conosco. Mariana foi um presente para nós, principalmente por aceitar partilhar conosco momento tão delicado. Conversamos bastante, combinamos o que e como faríamos, contei de meus desejos e fizemos um plano de parto, abordando inclusive o que aconteceria com Valentim ao nascer. Todo esse processo foi difícil e lindo ao mesmo tempo, como dizia nossa homeopata, chegava a ser poético. Tivemos inúmeras experiências transcendentais no período, que serão em breve todas relatadas em um livro que escreverei contando detalhadamente toda essa jornada com Valentim.


Com 38 semanas, no dia 24 de outubro de 2014, em casa, após um dia como tantos outros, quando dirigindo fui a algumas lojas, a floricultura... por volta das 19 horas a minha bolsa rompeu. E que incrível... o líquido jorrava pernas à baixo e Valentim ainda se mexia. Imediatamente liguei para a Mariana e disse que eu queria ter contrações... “cadê as tais contrações que falam”... Mariana riu e disse, “calma, você as terá”. Me orientou a banhos quentes, chazinho e cobertores para aumentar a temperatura do meu corpo e então efetivamente entrar em trabalho de parto. Combinamos que eu só iria ao hospital (20 km de distância de onde moro) quando estivesse quase nascendo.


Lá fui eu, feliz e triste ao mesmo tempo, pois realizaria meu sonho de parir naturalmente, já que tudo estava bem comigo, mas perderia meu filho amado. Olhei pra isso e decidi ficar apenas com a felicidade daquele momento.
Meu marido fez um chá, ouvi um mantra debaixo do chuveiro, fiz exercício de agachamento para favorecer o encaixe do bebe, fiz concentração me alinhando às forças da terra e do universo e pedi a força da maternidade de minhas antepassadas.Às 22 horas comecei a sentir as primeiras e pequenas contrações, meu marido e eu rimos, porque eu dizia.... “será que é só isso”.... kakakak. As contrações seguiram até as 00hs. Nesse período eu comi frutas, tive diarreia, queria organizar a casa (meu marido não permitiu) kakaka.Pensávamos...quanta beleza há no organismo que regula as contrações certinhas... que incrível!!! Estávamos animados, não tínhamos medo, pois antes do parto já havíamos construído em nossa imaginação tudo para a nossa “boa hora”, a hora do parto, detalhadamente...e tudo foi perfeito, como havíamos imaginado, do jeitinho que eu desejava.À meia-noite as contrações cessaram e eu dormi até as 3 horas da manhã, quando acordei verdadeiramente com contrações, sequenciadinhas e mais longas. Fui novamente ao chuveiro e lá fiquei... liguei para Mariana que nos aconselhou a ficarmos ainda em casa e no chuveiro e assim fizemos. As 4:00 horas da manhã pedi ao meu marido que ligasse para a Mariana, pois a dores haviam piorado e eu já não suportava... aí então seguimos imediatamente para a UNESP.Durante o caminho eu não conseguia proferir uma só palavra, pois as contrações exigiam de mim muita respiração. Ao chegar ao hospital as contrações eram menos espaçadas e mais longas....sentia que eu já não estava totalmente em mim, não respondia a perguntas que me faziam na recepção... eu estava em outra órbita... a tal partolândia se aproximava J.

As 5:15 horas fui levada ao quarto, onde Mariana e minha obstetra Claudia que também estava lá, prepararam tudo com bola de yoga, cadeira de parto, biombo na porta e máquina fotográfica à posto... kakaka (eu queria fotos, como qualquer mãe, né!).

Já em outro planeta eu andava de um lado para o outro sentindo as contrações. Ainda que todos me aconselhassem a me sentar na bola e fazer exercícios de agachamento eu insistia em ficar de um lado para outro, sentindo as contrações... essa liberdade de fazer o que meu corpo pedia era incrível... eu não queria me deitar, não queria me sentar, eu queria andar... eu e minhas contrações. Meu corpo sabia que isso era necessário naquele momento.


Quando senti que não mais aguentaria tantas contrações senti algo que começava a apontar entre minhas pernas, aí sentei-me na cadeira de parto (com meu marido atrás me segurando) e a médica ao me examinar, em tom firme, chamou a enfermeira, pois eu já estava coroando... a cabecinha de Valentim já estava apontada... então num suspiro e com minha ultima grande contração, Valentim chegou às 6:30 horas da manhã do dia 25.


Valentim chegou já sem vida, como já sabíamos que aconteceria, mas chegou em paz, com toda a beleza de um grande parto natural, veio aos nossos braços para nos conhecermos e nos reconhecermos. Ficou conosco tempo suficiente para estreitarmos nossos laços de amor. Éramos só gratidão e sentimento de dever cumprido. Após um tempo entregamos nosso filho para Mariana e Claudia, que com todo amor, o levaram para iniciar a coleta de materiais para exames. Duas horas após o parto estávamos de alta médica, fisicamente inteira e emocionalmente equilibrada e conectada ao universo. Antes de sair do hospital ainda tomei um café da manhã reforçado!


Assim ficamos por todo o dia, mesmo durante o enterro dele, que foi no mesmo dia, equilibrados e gratos por termos tido a oportunidade de conhecê-lo.
Outras coisas lindas e intrigantes aconteceram, mas estas farão parte do material que escreveremos em breve.


Aproveito esse relato, para agradecer a todos que estiveram ao nosso lado durante essa gestação, nos dando curas, terapias, alegrias, confortos, conselhos e amor,a nós e ao nosso Valentim. Já pedimos ao universo que acolha cada uma destas pessoas que nos ajudaram, dando-lhes o mesmo amor e gratidão que sentimos pela experiência vivida.

Tudo o que vivemos nos transformou e o parto natural foi a experiência mais transcendental que nos aconteceu até agora na vida. Parir vale muitooooooooo a pena, é realmente uma relação de amor e um sentimento de existência!NOSSO MUITO OBRIGADO!  

Miriam MalacizeFantazia e Fagner Sanches Javara

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O parto da placenta: 10 passos para estragar completamente o terceiro estágio do parto


  1. Assim que o bebê nascer, esqueça tudo o que você sabe sobre regulação hormonal do parto (o parto não acaba enquanto não nasce a placenta) e necessidades das mulheres em trabalho de parto: acenda a luz, gargalhe de felicidade pelo parto, deixe que outras pessoas entrem no quarto, fale excitadamente e sem parar com a mulher, discuta como foi legal o parto com a mulher e todos à volta, nos mínimos detalhes, incluindo horários, aspectos técnicos etc.
  2. Coloque o bebê sobre a mãe (você já aprendeu isso, né?), mas o enrole bastante com panos e coloque logo a touca, de modo que o contato pele a pele (estímulo para a liberação de ocitocina) não passe de um contato pano-a-pele e que aquele cheiro inebriante da cabecinha do bebê pelo qual muitas mulheres ficam completamente vidradas (estímulo para a liberação de ocitocina) fique bem encoberto pela touquinha fofa. Isso tudo pra evitar que eles congelem numa sala que não deveria estar fria, mas está.
  3. Fique checando sem parar se o cordão ainda pulsa (o que em tese pode fazer com que ele pare antes, se realmente houver uma resposta de vasoconstrição à manipulação excessiva do cordão, como eu acredito que há) e, assim que achar que parou de pulsar, clampeie imediatamente e tire o bebê da mãe para que ele e/ou ela possam ser examinados mais facilmente.
  4. Assim que o cordão estiver clampeado, passe o bebê para que alguém possa examiná-lo, limpa-lo e vesti-lo (para acabar de vez com o contato pele a pele e às vezes inclusive retirando o bebê do campo visual da mãe). Se ele começar a chorar por isso e a mãe começar a ficar angustiada ou preocupada, não se importe, diga alguma coisa reconfortante pra ela e ignore que a adrenalina (medo – preocupação – tensão) tem ação contrária à da ocitocina (necessária para a dequitação e um terceiro estágio seguro).
  5. Aproveite que o bebê já saiu do colo da mãe e o cordão já está clampeado e comece a cutucar, digo, examinar o períneo. Talvez, inclusive, você já possa passar uma gaze e jogar um soro ou solução (incômodo e dolorido para muitas) para verificar a extensão e profundidade de uma possível laceração ou até mesmo dar uns pontinhos (incômodo e dolorido para a absoluta maioria) para agilizar! (ciclo medo – tensão – dor manda lembranças, afinal ele só é realmente relevante durante o trabalho de parto, como você já decorou dos livros)
  6. Se nesse intervalo (estimo uns 15 ou 20 minutos desde o nascimento, se você foi bem ágil nos passos anteriores) a placenta ainda não saiu, comece a franzir a testa e olhar para a mulher e para o cordão pendurado para fora da vagina dela com uma cara tensa e preocupada. Balbucie alguma coisa e troque olhares com seu assistente. Balance a cabeça com cara de quem está considerando atacar, digo, intervir. Fique sempre em cima, não deixe a mulher em paz nenhum minuto, a qualquer mínima queixa dela, pergunte com o olho arregalado: É CONTRAÇÃO? ESTÁ VINDO UMA CONTRAÇÃO?
  7. Se estiverem vindo contrações ou se não estiverem vindo contrações, comece a checar sem parar o útero. Aproveite pra massagear vigorosamente, tracionar o cordão, sem nunca esquecer de reforçar que tudo ali é um perigo e que é preciso estar atento e forte, já que uma hemorragia (fale essa palavra) pode acontecer a qualquer minuto. Comece a trazer materiais para perto dela. Tilintar de ferros seria excelente nessa fase.
  8. Se o bebê estiver já vestido e penteado, além de bem enrolado em mantinhas coloridas, traga-o para perto da mãe, já que você aprendeu que é importante colocar o bebê ao seio se houver uma preocupação com a retenção da placenta (diga essas palavras também, com a testa franzida). Como você está cutucando a mãe sem parar, talvez ela não queira ficar com o bebê no colo, mas você, muito diligente, diz pra ela que ela PRECISA botar ele ao seio.
  9. Nesse ponto, você recrute alguém (doula ou assistente ou pediatra) para colocar o bebê ao seio materno efetivamente. Mesmo que ela não deseje ou mesmo que ele não deseje e chore e recuse. Diga que é fundamental que ele mame AGORA para ajudar a PLACENTA RETIDA a sair e evitar uma HEMORRAGIA. Tudo isso de forma incisiva, para a mulher ficar bem nervosa a cada vez que ela não conseguir e/ou o bebê chorar no peito.
  10. Se tudo isso tiver funcionado, o terceiro estágio já estará todo bagunçado e você já terá comprometido a famosa “hora de ouro” (a primeira hora pós-parto em que o bebê e a mãe devem passar pelo imprinting, pelo reconhecimento, além de aproveitarem o nível máximo de ocitocina circulante que têm em seu organismo para que todas as adaptações necessárias aconteçam de forma tranquila e segura). Nesse momento, provavelmente já terá se passado a primeira hora e você terá, oficialmente, uma retenção placentária em curso. Talvez até uma leve atonia uterina e um sangramento aumentado. Pronto! É chegada a hora de você intervir de forma eficaz e imediata para corrigir esses processos patológicos que você mesmo causou. Parabéns!

Fonte: Aqui

sábado, 13 de dezembro de 2014

Grupo de Apoio ao Parto, Pós Parto e Maternidade

Eu ando bem ausente por aqui, mas também cheia de novidades!

Depois de muito procurar um espaço para montar um grupo de apoio em Botucatu, finalmente uma bela parceria aconteceu!
A Lizandra, psicóloga do Bodhi Gaia - Espaço Terapêutico, caiu de paraquedas na minha cabeça kkkkkk...
E foi assim que finalmente, o grupo começou!!
No dia 27 de novembro aconteceu nosso primeiro encontro! Foi lindo!!! Fizemos uma apresentação do Filme "Le premier Cri" e então nasceu..."Do Fundo do Ventre" - Grupo de Apoio ao Parto, Pós Parto e Maternidade.

E o segundo encontro também já aconteceu... e foi demais!
Fizemos uma roda de Bate papo com a obstetra Dra. Claudia Garcia Magalhães.
Falamos sobre Parto Humanizado, e vários mitos em relação a este assunto foram questionados.

Agora demos uma pausa...voltamos em 2015 com muitas novidades!































segunda-feira, 10 de novembro de 2014

As Fases do Trabalho de Parto


Acho que uma das maiores preocupações da mulher grávida é com o trabalho de parto. Digo isso pois vejo mulheres que já tiveram filhos e que ainda assim desconhecem os detalhes do processo de nascimento, e ainda se dizem curiosas.

Como doula, meu trabalho essencial é desmistificar o processo do parto, quebrando os mitos que o cercam à base de informações científicas (e muitos esquemas!). Também utilizo informações “pescadas” de relatos, entrevistas, vídeos e conversas que tive com gestantes e profissionais da àrea.

O trabalho de parto se divide em seis partes:




- Os pródromos
- A fase latente
- O trabalho de parto ativo
- A fase de transição
- O período expulsivo
- A dequitação da placenta


Os Pródromos


Os pródromos são o início do trabalho de parto. Sua característica é a presença de contrações irregulares do útero. Um desconfortozinho que vai e vem, às vezes pára, depois vem mais forte, depois pára de novo por um tempo, etc. Os pródromos podem durar bastante tempo, até dias. Em alguns relatos as mulheres sentem contrações todos os dias em um determinado horário, depois elas cessam, e isso durante até algumas semanas, antes de realmente entrar em TP.

A saída do tampão mucoso, que as mulheres tanto ouvem falar, também pode acontecer nessa fase, e é um dos sinais visíveis de que o TP se aproxima. O tampão é geralmente descrito como tendo uma textura que parece clara de ovo ou meleca de nariz, um muco que pode sair com rastros de sangue. Algumas mulheres percebem apenas umas manchinhas avermelhadas na calcinha.



Quando as contrações passam a ser mais ritmadas, de 20 em 20 minutos, de 15 em 15, etc. a gestante entra na segunda fase, a fase latente do trabalho de parto.

A Fase Latente


Quando a gestante começa a sentir contrações ritmadas, de 20 em 20 minutos, de 15 em 15, etc. ela pode considerar que entrou realmente em trabalho de parto. As contrações são responsáveis por empurrar a cabeça do bebê sobre o colo do útero, produzindo a dilatação, e também por enviar um sinal para o bebê de que é hora de se preparar para nascer, e ajudá-lo a se posicionar para sair.
Uma coisa relatada por muitas mulheres nesse momento é um pico de energia inexplicável. Algumas sentem uma vontade louca de andar, correr, pular, outras ligam o "modo faxina" e limpam tudo, organizam a casa, as roupinhas do bebê, a bagagem da maternidade... É interessante observar que, nessa hora, geralmente é recomendado que a gestante tente descansar, dormir um pouco, para guardar forças para os momentos mais cansativos do parto, sendo que, na maioria dos casos, é o que ela MENOS quer fazer!



A fase latente é um momento muito interessante, pois é muito cedo para ir para a maternidade, as dores são suportáveis, e o casal está em casa, sabendo da chegada iminente do bebê. Muita coisa acontece neste momento. É um momento em que muitos casais aproveitam para se reconectar, se abraçam, se emocionam. As interações amorosas, carinhos, chamegos, beijos apaixonados, e até mesmo uma relação sexual (se a bolsa amniótica ainda não tiver rompido), são muito bem-vindas, pois iniciam o trabalho de liberação de ocitocina, o hormônio do prazer, que é tão importante durante o TP.

Para algumas mulheres que não resolveram bem seus conflitos emocionais durante a gestação, este pode ser um momento difícil, onde o medo e a angústia aumentam, ou onde ela fica tão sensível que chora por tudo. É bom que isso aconteça agora, quando o trabalho de parto ainda não começou a ficar muito intenso, e é importante deixar que ela "bote para fora", chore tudo que tiver de chorar, diga tudo que quiser dizer. Assim, na hora do parto, ela poderá se concentrar, sem estar presa à esses outros assuntos, que, por incrível que pareça, são capazes de travar completamente o parto, quando não resolvidos. Quando a gestante passa a sentir contrações mais próximas umas das outras, de 6 em 6 ou 5 em 5 minutos de intervalo (mais ou menos 5cm de dilatação), ela entra na chamada fase ativa do trabalho de parto.

O Trabalho de Parto Ativo


O trabalho de parto ativo é marcado pela presença de contrações regulares, de 5 em 5 minutos em Média, que vão ficando cada vez mais próximas e intensas.
Nessa hora, o papel dos hormônios é essencial. A mulher em trabalho de parto libera um coquetel de hormônios, cujo ingrediente principal é a ocitocina endógena (produzida pela própria mulher, na hora do orgasmo e do parto) que, além de produzir contrações uterinas, é um anestésico natural: ela traz uma sensação de bem-estar e prazer. Conforme as contrações vão ficando mais fortes, o corpo vai produzindo mais ocitocina, na medida certinha para aniquilar a dor, completamente. Por isso, assim que a contração para, a dor também para, e a mulher que consegue relaxar entre as contrações se sente muito bem. A ocitocina endógena ajuda a aumentar as contrações E a aliviar a dor ao mesmo tempo. Muito perfeito, não? Enquanto a mãe recebe este coquetel de hormônios, o bebê também recebe umas mensagens químicas específicas que o preparam para o nascimento. Até a hora do parto, o bebê esteve dentro do líquido amniótico, treinando os movimentos de engolir e respirar lá dentro. Ele com certeza tem líquido amniótico dentro do estômago e dos pulmões. Mas ele também está PRODUZINDO líquido nos pulmões, que servem para impedir que os alvéolos se esvaziem completamente e grudem. Na hora em que o TP ativo começa, o bebê recebe uma mensagem química: ele pára de produzir líquido nos pulmões e passa a reabsorver o líquido que já tem lá. É nesse momento que o amadurecimento dos pulmões acontece. E é por isso que as doulas são tão chatas com essa história de "deixar o TP, pelo menos, começar naturalmente", porque, realmente, para o bebê, faz uma diferença enorme!



Nessa fase, as contrações vão ficando mais fortes e ritmadas. Essa fase pode variar muito em tempo, e reza a lenda que é mais longa na primeira gestação da mulher, mesmo que isso varie muuuuuito de mulher para mulher e de parto para parto. Acredito eu que o tempo do TP tenha relação com o tempo necessário para o amadurecimento dos pulmões do bebê, e por isso, quem controla o tempo do TP é o bebê e não a mãe.

É nessa fase que a mulher passa a sentir mais dor, e é nessa fase também que o papel da doula é mais apreciado, pois ela ajuda a aliviar essa dor sem precisar recorrer à anestesia. A doula faz massagens, compressas, indica posições que aliviam a dor e que de quebra ainda aceleram o TP, e ainda ajuda a manter o papai tranquilo. Sim, porque, geralmente, nesse momento, muitos papais entram em pânico!



Pense comigo: você vê sua parceira sentindo dor, gemendo, e tudo que você quer é poder aliviar a dor dela, nem que seja insistindo para ela tomar uma anestesia, né? Pois é, muito lógico! Por isso a doula está lá, para indicar aos papais outras maneiras de ajudar que não seja oferecendo uma anestesia, afinal, a experiência do parto é muito interessante e poder vivê-la em plenitude é muito enriquecedor para a mulher!
A fase do TP ativo termina quando a mulher está com mais ou menos 7 para 8 centímetros de dilatação. (Outro dia, ouvi uma pessoa explicando para outras que a dilatação da mulher era de nove DEDOS (!?!) Eu arrepiei!!! Não é dedo! É centímetro! 9 dedos é mais do que 15 centímetros! Cuidado!)

Em seguida se inicia a fase de transição.

A Fase de Transição


A fase de transição é um momento muito interessante do parto. Ela dura relativamente pouco tempo, quando comparada com as fases que a precederam: começa quando a mulher tem lá pelos 7 ou 8 centímetros de dilatação e termina quando atinge a dilatação completa, que é de 10 centímetros "oficialmente". (eu digo oficialmente, porque essa é uma média, algumas mulheres dilatam mais do que isso. Mas é o tamanho mínimo que os médicos exigem para a expulsão do bebê.)
Essa fase é marcada por um fenômeno muito interessante, que já começa no final do TP ativo. Por causa dos níveis de ocitocina, que vão subindo junto com a intensidade das contrações, e nessa hora já estão bem elevados, a mulher começa a entrar em um estado de transe, similar ao que acontece durante a excitação sexual. Esse estado é chamado de partolândia. Parece que ela se vira para dentro de si mesma, olha para sua alma. As pessoas falam com ela e ela nem responde, ou diz coisas incoerentes. Muito do que fala tem a ver com o que está sentindo. Ela geme e se mexe, respira profundamente, e depois de maneira acelerada, busca a melhor posição, que logo já não é mais confortável e começa tudo de novo.



Nesta fase, a parte consciente e racional da mulher já não está mais presente, e o que resta é a Fêmea em seu sentido mais essencial e irracional. Esse estado "animal" é essencial para que a mulher coloque seu filho no mundo, pois é de sua essência animal que ela vai tirar a força necessária para fazê-lo. A parte consciente da mulher ressurge apenas em poucos instantes, onde ela duvida de si mesma, diz que não vai conseguir, pede anestesia, pede cesariana. Esse é um sinal: é chamado de "hora da covardia" e indica que o trabalho de parto está chegando ao fim. Nessa hora, é necessário reforçar a crença da mulher em sua capacidade de parir, e confiar nela.

Quando isso acontece, ela deixa de lado todo o medo que acompanha a consciência, e se entrega. Seu corpo trabalha sozinho, seu instinto domina: ela sabe o que está fazendo, e se não sabe, seu corpo sabe. Nessa hora, a cabeça do bebê, em sua descida lenta, começa a fazer pressão na área próxima do intestino grosso e do ânus, e a mulher começa a sentir uma vontade incontrolável de fazer força. Alguns relatos comparam essa sensação com a sensação de precisar desesperadamente "fazer cocô". Efetivamente, em alguns casos, a mulher faz um pouco de cocô, sim, mas uma equipe bem treinada nem fará menção do ocorrido, isso (quase sempre) faz parte do processo, é muito importante não deixar a mulher com vergonha, pois nessa hora, qualquer coisa que impedir a entrega total da mulher às necessidades da partolândia pode atrapalhar o andamento do parto. Ao atingir 10 centímetros de dilatação, se inicia a fase do expulsivo.

O Expulsivo

O expulsivo é o período do parto em que o bebê efetivamente nasce. Para fazer isso, ele precisa girar, pois o canal de parto não é um tubo reto, e sim um caminho tortuoso e cheio de obstáculos.
Enquanto faz este percurso, o corpo do bebê é apertado no canal de parto, ele é todo "espremido", como uma esponja, e se esvazia de tudo que estava dentro de seus pulmões e estômago. É importante lembrar que os órgãos reprodutivos da mulher têm uma capacidade elástica muito grande. O útero vazio não mede mais de 8cm de diâmetro, e se expande para sustentar um bebê, sua placenta e líquido amniótico, que às vezes passam dos cinco kilos. A vagina da mulher também faz coisas incríveis. É um espaço virtualmente inexistente, ou seja que só existe quando preenchido. Quando não tem nada dentro, as paredes da vagina se tocam. Quando inserido um dedo, ela tem o tamanho de um dedo, e ela se adapta exatamente à forma e ao tamanho do que a preenche, inclusive um bebê! Além disso, o corpo da mulher produz um hormônio chamado relaxina, que "amolece" seus ligamentos e permite que até certos ossos fiquem flexíveis! Assim, a pelve da mulher também dilata para permitir a passagem do bebê. E a cabeça do bebê também se modifica para passar pelo canal de parto: ela estica. É para isso que ela tem aquelas partes moles, as fontanelas.



Resumindo: mãe e bebê vão adaptar seus corpos para o nascimento, e ambos são feitos de forma que seus corpos voltem ao normal depois.
Ouvimos muito falar em lacerações e cortes necessários para passar o bebê. Efetivamente, às vezes eles ocorrem. Na maioria dos relatos que li, eu percebi uma relação entre o fazer força na hora do expulsivo, e a posição do parto, e a presença de lacerações. A mulher só deve fazer força quando sentir vontade, na posição e do jeito que sentir vontade. E, se não fizer força e apenas relaxar, o parto ocorrerá mesmo assim, pois o corpo trabalha quase que independentemente da vontade da mulher nesse ponto do TP. É importante não inibir a mulher que sente vontade de fazer força: nessa hora, quem manda é o instinto. A saída do bebê é marcada por sensações novas, que a mulher nunca experienciou na vida até então. Algumas mulheres comparam certos aspectos do nascimento à aspectos da vida sexual, e algumas chegam a sentir muito prazer nesse momento. Na maioria dos relatos, as mulheres dizem que a dor das contrações passa para um segundo plano, outras dizem que cessa, e que as sensações são completamente diferentes.

A descida da cabeça do bebê termina com a coroação, quando o topo da cabeça aparece do lado de fora. Esta parte do canal de parto é a que tem os músculos mais fortes, e às vezes a mulher tende a contrair esses músculos por causa da dor que está sentindo. Isso dificulta a passagem do bebê, aumenta a dor e as chances de lacerações. A mulher deve tentar relaxar ao máximo a vagina durante a passagem do bebê. Uma boa técnica é falar AAAAAAAAAAAAAAAAA!, pois, ao relaxar a garganta, a mulher relaxa também a vagina. A coroação do bebê também é chamada de círculo de fogo, pois a sensação é de ardor, queimação, como quando tentamos fazer sexo sem a devida lubrificação. Após a passagem da testa do bebê, porém, o diâmetro da cabeça vai diminuindo e o círculo de fogo vai passando. Na maioria dos partos, o bebê para com a cabeça para fora e o corpo ainda dentro da mãe. Ele sairá na contração seguinte, que pode demorar alguns minutos. Os ombros saem um de cada vez e, depois que passam, o corpo sai de uma vez, como um sabonete molhado! Pluft! E a dor cessa. Completamente.



Em seguida, se a família estiver em um hospital humanizado, ou em casa, o bebê será colocado diretamente encima da barriga da mãe, e um fenômeno interessante ocorrerá.
A ocitocina endógena, que estava sendo produzida em grandes quantidades para aliviar a dor, agora está sendo produzida sem que haja dor, e acontece o que se chama de pico de ocitocina. Esse pico de ocitocina produz uma sensação de imenso amor e prazer, a sensação de se apaixonar, que, juntamente com o alívio pela dor ter acabado e da alegria pela chegada do bebê, criam o que Michel Odent, obstetra francês, chama de momento ideal para o estabelecimento do vículo mãe-bebê.
 Ainda ligados pelo cordão umbilical, pulsando juntos em uma euforia física e mental, eles se olham e se conhecem, o bebê recebe seu nome e seu lugar, a mulher vira mãe e o homem, pai.
Mais nada será como antes... Ao expulsivo, segue-se a dequitação da placenta.

A Dequitação da Placenta


O bebê nasceu! Úmido, pulsante, ele é colocado encima de ventre de sua mãe e a família finalmente se conhece. Porém, o trabalho de parto ainda não terminou e ambos, mãe e filho, ainda têm muito o que fazer! A primeira tarefa do bebê é respirar, o que ele vai aprendendo aos poucos, durante os últimos minutos em que a placenta o alimenta através do cordão umbilical. O bebê nem sempre chora na hora em que nasce, às vezes só faz uns barulhinhos e dá um ou dois gritos maiores, depois se acalma.


Se o ambiente for tranquilo, com luz baixa e calor ambiente, ele se sentirá confortável, abrirá os olhos e olhará com muita atenção para tudo que estiver próximo dele (ele enxerga a uns 40 cm de distância, mais ou menos). Ele olhará o rosto de sua mãe e de seu pai, e ficará em estado de alerta tranquilo, observando e absorvendo tudo a sua volta.
Em seguida, começará a se arrastar para o seio da mãe e o abocanhará, como mostra o vídeo acima. A felicidade da mãe chegará ao extremo graças a isso, e ela produzirá uma segunda grande onda de ocitocina endógena. Como já mencionado, a ocitocina produz contrações do útero, e isso fará com que nasça a "companheira do bebê": a placenta.

Placenta


Durante nove meses, o bebê esteve dentro do útero, tendo como únicos companheiros e objetos de interação a placenta e o cordão umbilical. Parteiras tradicionais dizem que a mulher que ainda não dequitou "não está prenha nem parida" e é importante que a placenta saia todinha, completa, pois se ficar algum pedacinho lá dentro, pode causar uma infecção ou até a morte.



As contrações do útero, intensificadas pela ocitocina criada com a sucção do peito pelo bebê, permitem que a placenta seja expulsa, sem precisar ser puxada.
Uma vez saída a placenta, o parto acabou e a parturiente passa a ser uma puérpera. É nesse momento, geralmente, que se faz a avaliação para ver se ocorreu laceração, e, se necessário, fazem-se alguns pontinhos.

Fonte: aqui