quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cesárea aumenta ocorrência de alergia em crianças.






Alergias e bactérias
Pesquisadores dinamarqueses estabeleceram uma ligação direta entre as alergias, ou doenças de hiper-sensibilidade, e a exposição das crianças a bactérias.
A análise comparou o diagnóstico de alergia com as bactérias identificadas em exames de fezes das crianças.
"Em nosso estudo, de mais de 400 crianças, nós observamos uma conexão direta entre o número de diferentes bactérias em seus retos e o risco de desenvolvimento de doenças alérgicas mais tarde na vida," disse o Dr. Hans Bisgaard, da Universidade de Copenhague.

Cesárea e alergias
Segundo o pesquisador, o problema começa no nascimento das crianças.
"A reduzida diversidade da microbiota intestinal durante a infância está associada com um aumento do risco de doenças alérgicas na idade escolar," afirma.
Nas crianças com maior diversidade bacteriana, esse risco diminui - e quanto maior a diversidade, menor é o risco.
"Então faz diferença se o bebê nasceu por parto normal, encontrando as primeiras bactérias de sua mãe, ou por cesárea, que expõe o recém-nascido a uma quantidade menor de bactérias, e bactérias totalmente diferentes. Pode ser por isso que muito mais crianças nascidas por cesárea desenvolvem alergias," afirma Bisgaard.

Influência das bactérias
O pesquisador afirma que o risco de alergia não está ligado a uma única bactéria, mas à variedade de bactérias à qual a criança é exposta.
Segundo ele, a "janela temporal" durante a qual o bebê é imunologicamente imaturo e pode ser influenciado pelas bactérias é muito breve, e se fecha poucos meses depois do nascimento.
"Nossas descobertas coincidem com o grande número de conclusões que também têm sido feitas no campo da asma e da febre do feno," explica o pesquisador, referindo-se a duas condições que, como as alergias, são disparadas por vários fatores nas primeiras semanas de vida.

Hipótese da higiene
O estudo é mais um que se junta às crescentes evidências da chamada "Hipótese da Higiene", que afirma que a limpeza excessiva pode fazer as pessoas adoecerem mais.
O professor Bisgaard reconhece a ironia de que algo que é sempre visto como uma ameaça à saúde das pessoas, as bactérias, possam ser uma parte fundamental da vida saudável.

"Eu acredito que um mecanismo que afeta o sistema imunológico irá afetar mais do que simplesmente as alergias. Não seria surpresa para mim se doenças como a obesidade e o diabetes também não fossem disparadas cedo na vida e dependam de como nossas defesas imunológicas são aperfeiçoadas encontrando culturas bacterianas ao nosso redor," conclui ele.

Publicado em Diário da Saúde

Uma semana de antibiótico pode enfraquecer as defesas do corpo por até dois anos

Tomar antibiótico por uma semana pode prejudicar as defesas do organismo por até dois anos, segundo estudo feito pelo Instituto Sueco para Controle de Doenças Infecciosas e publicado na revista "Microbiology".
Flora intestinal é o nome dado às bactérias que vivem na parede do intestino. Lá existem centenas de espécies de micro-organismos, protetores ou nocivos à saúde, que convivem em equilíbrio.
As bactérias "boas" têm funções metabólicas, como ajudar no funcionamento do intestino, na absorção de gordura e vitamina B12 e na produção de ácido fólico.

"A função mais importante é controlar bactérias desfavoráveis. Sem elas, nós viveríamos constantemente com infecções", diz Ricardo Barbuti, membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
Segundo o especialista, há muito se sabe que os antibióticos têm efeito na flora intestinal. O que o estudo recém-publicado mostra é que essas alterações duram muito mais tempo do que se pensava.
"Além de causar um desequilíbrio passageiro, o remédio também seleciona bactérias resistentes. Agora sabemos que essa resistência pode durar mais tempo", explica André Zonetti de Arruda Leite, médico endocrinologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.



Editoria de Arte/Folhapress


CONSEQUÊNCIAS
Diarreias, disfunção intestinal e inflamações (colites) são as consequências mais comuns do desequilíbrio da flora intestinal. Tanto faz se o uso do antibiótico é feito de forma correta ou incorreta -por mais ou menos tempo do que o necessário.

"O medicamento deve ser usado só quando o benefício compensa o risco e não há outra alternativa", diz Barbuti. Gripes, resfriados ou dores de cabeça não devem ser tratados com antibiótico.

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/827146-uma-semana-de-antibiotico-pode-enfraquecer-as-defesas-do-corpo-por-ate-dois-anos.shtml

Por que bater não educa e ainda torna o seu filho agressivo, agora e no futuro.

 Shutterstock
Bater, gritar, chacoalhar a criança na hora de um ataque de birra. Com certeza, você já presenciou uma cena dessa em algum momento. O que você achou? Agressivo, né? Pois bem. Infelizmente, essas "técnicas" para mudar o comportamento de um filho continuam firmes e fortes no dia a dia de algumas famílias. E comentários do tipo "não concordo em espancar, só dou um tapinha na mão" são fáceis quando o assunto palmada é foco de alguma nova reportagem. Faz parte desta lista o "apanhei e não sou revoltado", e por aí vai. Geralmente, são essas pessoas que apanharam que agora estão batendo...
É exatamente esse ato-reflexo da agressividade a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP), divulgada recentemente. A análise mostrou que as crianças que apanharam na infância têm maior probabilidade de adotar a violência em situações do cotidiano quando adultas. 

"A criança entende que a violência é uma opção legítima e vai usá-la quando tiver um conflito com colegas da escola, por exemplo. Mas, ao agredir, ela também pode sofrer agressão e se tornar vítima. E isso cresce de forma exponencial ao longo da vida", disse em nota a psicóloga Nancy Cardia, vice-coordenadora do NEV. Sim, as crianças vão repetir o que aprenderam em casa - hoje e no futuro, seja com com amigos, irmãos, companheiros, parentes, na faculdade, no trabalho. 

A pesquisa - realizada em 11 capitais brasileiras - revelou ainda que mais de 70% dos 4.025 entrevistados apanharam quando crianças. Para 20% deles, a punição física ocorreu de forma regular – uma vez por semana ou mais. E a palmada era apenas coadjuvante nesses casos. Castigos com vara, cinto, pedaço de pau e outros objetos capazes de provocar danos graves foram mais frequentes do que os tapas, principalmente entre aqueles que disseram apanhar quase todos os dias. 
Aqueles que apanhavam muito (os 20%) foram os que mais escolheram a opção "bater muito" em seus filhos caso esses apresentassem mau comportamento. Eles também esperavam que os filhos respondessem com violência caso sofressem alguma agressão física na escola.
Um estudo anterior, realizado por cientistas da Universidade de Manitoba, e publicado em fevereiro deste ano no Canadian Medical Association Journal (Revista da Associação Médica Canadense) revisou 20 anos de pesquisas sobre o assunto e o resultado mostrou que nenhuma delas sugeriu qualquer benefício da agressão como forma de educar. Pelo contrário: assim como os pesquisadores brasileiros, os canadenses também descobriram que as crianças que apanharam na infância se tornam mais agressivas.


Se você já apanhou, também deve se lembrar bem do sentimento que tinha naquela hora. "A criança que sofre agressão se sente rejeitada pelos pais, e isso contribui para sua baixa autoestima, transtornos de ansiedade, depressão, estresse", afirma Gustavo Teixeira, psiquiatra e autor dos livros Manual Antibullying e Desatentos e Hiperativos(ambos da Ed. BestSeller). Além disso, a baixa autoestima de uma criança a torna alvo de bullying como também facilita que ela se torne agressora. 

Mesmo com tantas provas de que ser agressivo com o filho só traz resultados negativos isso ainda é tão forte na sociedade. Por quê? "Por resistência, negação do problema, desinteresse em mudar, pressa em uma solução rápida, com péssimos resultados depois", reforça Teixeira. Não tem segredo. Para educar uma criança, é preciso paciência, persistência, tempo e carinho. "Eu continuo sempre acreditando que uma hora isso vai mudar", diz Teixeira.

Estudo recomenda que bebês durmam com as mães.





Mães que quiserem dormir com bebês devem pedir ajuda a profissionais qualificados para evitar acidentes
Muitos médicos não recomendam que as mães durmam com bebês recém-nascidos, especialmente pelo risco de sufocamento. Mas, de acordo com estudo sul-africano publicado na revista Biological Psychiatry, os bebês que não dormem em contato com a mãe ficam mais estressados e, com isso, o sono também é prejudicado.

Os pesquisadores avaliaram o sono de 16 recém-nascidos com apenas dois dias de vida por uma hora. Parte deles dormiu próxima ao peito da mãe, e outra, no mesmo quarto, mas em um moisés. Os cientistas mediram a variabilidade da frequência cardíaca, que é um método mais eficaz para medir os níveis de estresse.

Segundo Nils Bergman, coautor do estudo, o desejável é que o bebê tenha um sono cíclico e a maioria dos bebês que foram separados da mãe não conseguiram ter esse tipo de sono, pois ficaram estressados durante o período.

Entretanto, a prática precisa ser feita com cautela: só nos Estados Unidos, o sufocamento foi a terceira maior causa de mortes infantis.

De acordo com a Academia Americana de Pediatria (APP), o problema não é ter o contato com a mãe, que é de fato bom para o sono da criança, mas sim as consequências do ato.
A indicação é que as mães que quiserem fazer isso devem pedir ajuda para aprender como monitorar o bebê durante a noite, para que a passagem de ar da criança não fique obstruída.

Ioga reduz sintomas de depressão na gravidez e melhora o humor.

Mulheres grávidas que praticam séries de ioga por pelo menos dez semanas apresentam melhora do humor, afirmam se sentir mais conectadas com seus bebês no útero e reduzem os sintomas e o risco de depressão antes e após o parto, segundo pesquisa da Universidade de Michigan divulgada nesta semana (artigo completo aqui).
Quando se pensa que 1 em casa 5 mulheres grávidas apresentam algum sintoma de depressão, um resultado como esse pode ajudar médicos e gestantes a adotarem as aulas de ioga como medida preventiva, que não envolve medicações (de uso mais restrito durante uma gestação) e praticamente não tem efeitos colaterais.
É claro que qualquer atividade física precisa ser antes discutida com o médico que acompanha a mulher e até mesmo as posturas feitas precisam ser avaliadas previamente. Cada gestação é uma gestação e muitas mulheres têm diversos tipos de restrições e precisam de um acompanhamento especial – por isso, novamente, é importante conversar com médico e também procurar instrutores de ioga que sejam especializados em aulas para gestantes antes de começar qualquer prática.
A pesquisa, publicada no periódico científico Complementary Therapies in Clinical Practice, foram avaliadas mulheres que afirmaram se sentir muito irritadas, ansiosas e estressadas durante a gestação, resultado de mudanças hormonais e demandas familiares e profissionais.
"Sempre vimos mulheres grávidas procurando aulas de ioga para tentarem reduzir o estresse, mas não havia nenhuma informação sobre a eficácia do método", afirma a principal autora do estudo, a psiquiatra Maria Muzik, do Centro para Crescimento e Desenvolvimento Humano da universidade.  "Com nossos resultados, percebemos que a ioga pode ser uma alternativa para tratamentos farmacêuticos para mulheres grávidas que começam a apresentar sinais de depressão", completa ela.
A série abaixo, para ilustrar do que estamos falando, foi feita pela Richardson Bikram Yoga.
Publicado em http://blogs.estadao.com.br/simone-iwasso/ioga-reduz-sintomas-de-depressao-na-gravidez-e-melhora-o-humor/

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Como ter uma gravidez saudável e engordar pouco.

O segredo é não ficar passando fome e ter sempre à mão alimentos saudáveis.
  • não pule refeições. além do café, almoço e janta, faça pequenos lanches entre esses horários. você acaba por comer menos e dribla desconfortos comuns da gravidez, como enjôos (pelo estômago vazio) e azia (pelo excesso de comida).
  • na hora do almoço e janta, vá primeiro de salada. você mata aquela primeira fome absurda com algo leve, rico em nutrientes e fibras e com baixa caloria. depois pode ir pro prato principal.
  • mastigue bem os alimentos e coma com calma. além de facilitar a sua digestão, te faz ficar satisfeita mais rápido.
  • modere no tamanho das porções. as comidas de hoje estão superdimensionadas. maneire na quantidade de carboidratos e opte por filés de carne e frango com no máximo 120 g depois de preparados.
  • tenha sempre à mão lanchinhos saudáveis. tirinhas de cenoura ou pepino, pequenas porções de frutas secas ou mesmo frescas. outras opções são morangos, uvas ou um iogurte desnatado. uma maçã na hora do desespero por doces costuma aplacar a fúria incontrolável.
  • bateu aquela vontade de comer chocolate? ok! não precisa se torturar por causa disso. mas, ao invés de se acabar comendo uma barra inteira de chocolate ao leite, que tal experimentar o amargo? por não conter tanto açúcar, você acaba se saciando com muito menos. às vezes 2 ou 3 quadradinhos já são suficientes.
  • reduza ao máximo o consumo de cafeína, açúcares refinados, sal e gorduras saturadas.
  • cuidado com o suco industrializado! não estou falando para aboli-lo completamente da sua vida. de fato, melhor um suco de caixa/lata num restaurante que não tem muita opção a um refrigerante. mas dê preferência à fruta fresca ou aos sucos naturais sempre que possível. melhor ainda se forem sem açúcar, ou com pouco açúcar mascavo. os sucos industrializados contém muito açúcar e caloria.
  • beba muita, muita água! ela ajuda a te manter hidratada e reduz o inchaço. prefira beber água entre as refeições, não durante.
  • pratique exercícios regularmente. desde uma caminhada com um tênis adequado a um esporte específico para gestantes, como yoga ou hidroginástica. converse com o seu médico para ver quais tipos de atividades são apropriadas para você. além de queimar calorias, os exercícios ajudam na respiração, melhoram a circulação sanguínea e preparam seu corpo para o parto e também para a correria da vida com um bebê (acredite, nessas horas você se agradecerá por estar em forma).
Por que engordamos tanto se um bebê costuma nascer pesando entre 3 kg e 4 kg:



lembre-se: alimentar-se de forma saudável não significa comer comidas ruins ou passar fome o tempo inteiro.
você pode reduzir o consumo de sal, mas caprichar nos temperos naturais como cebola, coentro, alecrim, alho e por aí vai.
ao reduzir também o consumo de açúcar refinado, seu paladar acaba por acostumar-se (e achar tudo adoçado, doce demais). esqueça o leite condensado nas frutas e aproveite para apreciar o seu sabor verdadeiro.
não vou mentir e dizer que será uma delícia cair de cabeça nesses novos hábitos alimentares. vá com calma e deixe-se viver essa nova experiência. não é fácil, mas descobrirá que a motivação é a melhor de todas.
com o tempo você verá que estará adaptada. o nosso paladar é uma coisa incrível e acostuma-se rapidamente a novos sabores. é capaz de, como eu, você nunca mais conseguir entregar-se completamente às porcarias.
além do mais, essa é a menor das mudanças que você precisará passar. e com uma motivação maravilhosa dessas, que é manter-se saudável pelo seu bebê, verá que é muito mais fácil.

Imagem:  revista saúde
Fonte do texto: potencial gestante

Novos médicos não sabem lidar com parto normal.



Entre os 3 mil médicos entrevistados na pesquisa conduzida pelo CFM, Febrasgo e ANS há algo em comum: os formados recentemente, em sua maioria, não acham um problema a quantidade de cesarianas feitas no Brasil, apesar de o índice estar bem acima do aceitável. A médica Lucila Nagata, da Febrasgo, chama a atenção para um ponto pouco discutido: as universidades de hoje formam excelentes cirurgiões, mas não ensinam aos obstetras como acompanhar um parto normal. “Os colegas têm hoje maior ênfase no saber operar e, muitos, quando se deparam com um parto normal, não sabem como proceder”, explica.

Para Lucila, outro problema é a quantidade de processos judiciais (normalmente éticos) que surgem contra os médicos que tentam fazer parto normal e acabam indicando a cesariana em um tempo não hábil para salvar a mãe ou o bebê ou para evitar algum problema no parto. “Muitos preferem a cesariana para não correr este risco.”


A remuneração dos médicos no Brasil, pelos planos de saúde, também é diferente quando o parto é normal ou cesariana. Antiga­­mente se pagava mais pela cesariana, hoje grande parte dos planos de saúde paga o mesmo valor e alguns já inverteram a lógica: pagam mais pelos partos normais como incentivo. Recen­­temente a Gazeta do Povo publicou que os médicos que fazem cesarianas chegam a cobrar um valor extra (por fora) da parturiente para ela ter a garantia da presença dele na hora do parto cesáreo (alguns planos de saúde aceitaram esta atitude). 
Há ainda outra questão: por mais que os médicos recebam mais pelo parto normal, este costuma demorar muito mais que a cesariana, ou seja, o valor/hora do parto normal não compensa. “Uma das sugestões é que os planos de saúde montem equipes qualificadas para o acompanhamento do trabalho de parto (assim como existem as equipes de plantão nos hospitais públicos). Assim, esta equipe atenderia a mulher e, o obstetra, só seria acionado quando estivesse muito próximo de o bebê nascer. Poderia ser uma alternativa. Estamos buscando soluções”, diz o coordenador da Comissão de Parto Normal do Conselho Federal de Medicina, José Fernando Maia Vinagre.

A médica Daphne Rattner, professora da Universidade de Brasília, sugere algo a mais: que o parto seja feito por enfermeiras obstetrizes e o médico só seja chamado caso necessário. “Em muitos países onde as taxas de cesarianas são baixas, este é o modelo que funciona”, cita Daphne. 


Publicado em gazetadopovo.com.br

Cigarro na gravidez: risco de aborto aumenta em 70%


Fumar durante a gestação traz sérios riscos para o bebê e para a mãe. Apesar disso, muitas não abandonam o vício nesse período

Está na embalagem do cigarro: fumar faz mal à saúde. Se esse hábito traz danos para qualquer um, imagine para as grávidas. Estudos já comprovaram que essas mães possuem 40% mais chances de gerar filhos prematuros, aumentam em 70% a probabilidade de abortar e correm mais risco de ter descolamento de placenta antes do tempo certo - o que causa a morte de 50% dos bebês. Para os pequenos, os prejuízos são devastadores. Eles podem nascer com baixos peso e tamanho. "Chegam a pesar de 50 a 400 gramas a menos do que o normal", revela Valéria Cunha, técnica da Divisão de Controle de Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro. Sem falar que essas crianças estão mais sujeitas a desenvolver problemas respiratórios e até cardíacos. Pesquisas mostram que elas têm déficit de atenção e demoram alguns anos para atingir a curva normal de crescimento.

A comunidade científica não pára de investigar os impactos do cigarro na saúde. E os resultados colocam o tabaco cada vez mais no papel de vilão da história. Um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, achou no líquido amniótico de 52,4% das mães fumantes uma substância que causa câncer e de nome complicadíssimo: a 4 metilnitrosamina-1-3 peridil 1-butanol. O componente foi detectado no fluido de apenas 6,7% das grávidas que não fumavam. Esse líquido enche a placenta, banhando o feto. Ou seja, não só as mães, mas também os bebês ficam expostos a fatores carcinógenos.

Outros estudos apontam mais problemas no consumo de tabaco na gravidez. A Universidade do Sul da Califórnia, por exemplo, constatou, em um trabalho feito com 3 357 crianças em idade escolar, que os filhos de mães fumantes têm capacidade pulmonar duas vezes menor que a da prole de gestantes que não fumavam.

Uma das piores conseqüências é que o bebê pode nascer com dependência química da nicotina. E não adianta apagar o cigarro apenas durante a gestação e voltar a fumar após o parto. "A criança absorve a nicotina via leite materno. A substância é apontada pela Organização Mundial da Saúde como uma das causas da síndrome da morte súbita infantil", alerta Valéria Cunha. Nesse caso, o pequeno morre de forma abrupta e repentina. Por tudo isso, os especialistas são categóricos: as mulheres devem abandonar totalmente o vício na gestação e enquanto amamentam seus filhos. Trata-se, sem dúvida, de uma ótima causa.

Publicado em bebe.com.br

O que é criação com apego?

Saiba mais sobre o movimento, conhecido em inglês como attachment parenting, que defende práticas não convencionais de cuidado com os filhos


 

O desmame de uma criança pode ser feito por volta dos seis meses de idade. Desde cedo o bebê deve aprender a dormir sozinho em seu próprio quarto. Evite pegar seu filho no colo sempre que ele começar a chorar para não mimá-lo muito. Certamente você já ouviu algum desses conselhos. Mas nem todas as mães concordam com essas orientações e tampouco pensam em colocá-las em prática.“Quando tive meu primeiro filho procurei métodos que me ajudassem a criá-lo. Eu o deixava chorando para que ele aprendesse a dormir sozinho e vi que aquilo tinha um custo muito alto. Sofria terrivelmente com aquela situação”, conta a espanhola Elena de Regoyos, 31, que vive no Brasil há pouco mais de três anos. Mãe de três crianças, Elena desmamou o primeiro, Adriano, aos seis meses. Sofreu muito e decidiu que com o próximo seria diferente.

“Pesquisei e encontrei autores que falavam de um tipo de criação que fazia sentido para mim. Resolvi ouvir com mais sensibilidade as necessidades do meu bebê e entendi que a criança não é um ser manipulador. Ela apenas precisa de alguém”, diz. Elena teve outros dois filhos e hoje coloca em prática o que define, em suas próprias palavras, como “educação respeitosa”.

“Criação com apego não é método”
O que Elena chama de educação respeitosa vem se tornando conhecida no Brasil como “criação com apego”, uma tradução do que seria o “attachment parenting”, um movimento que ganhou nome e força com o pediatra americano William Sears duas décadas atrás.  Sears defende alguns princípios, como amamentar sempre que o bebê pedir, sem necessidade de intervalos de tempo pré-definidos, deixá-lo dormir na cama dos pais, carregá-lo bem próximo ao corpo com o auxílio do sling e não ter uma idade limite para o desmame.

Antes de Sears, o psicólogo, psiquiatra e psicanalista John Bowlby propôs a teoria do apego, em meados de 1950, para explicar a formação do vínculo entre o bebê e seu cuidador, na maioria das vezes a mãe. Esse vínculo geraria consequências para o resto da vida. Dentro desta teoria seria fundamental que os pais estivessem emocionalmente disponíveis para criar o filho com um olhar mais sensível às suas necessidades.
“A criação com apego não é um método. Ela não é um manual, não possui regras nem é uma técnica que ensina como criar os filhos. É um conceito amplo que envolve, sobretudo, a criação de pessoas seguras, autoconfiantes e empáticas, baseado no respeito aos comportamentos inatos de uma criança”, afirma Ligia Moreiras Sena, neurocientista doutora em neurofarmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).



Ciência
Os adeptos da criação com apego recorrem à ciência para apoiar suas escolhas. Estudos internacionais mostram que o cuidado materno afetuoso na infância leva ao aumento de uma estrutura cerebral chamada hipocampo, envolvida no processamento da memória e do comportamento emocional.

“Muitos estudos mostram que somos os arquitetos dos cérebros de nossos filhos. Construímos uma estrutura de paz e calma através da maneira que respondemos aos choros e às necessidades das crianças”, afirma Lu Hanessian, jornalista, educadora parental e autora do livro “Let the Baby Drive”.
O psicólogo australiano Robin Grille, autor dos livros “Parenting For A Peaceful World” e  Heartto Heart Parenting”, faz coro. “São mais de vinte anos de pesquisas que suportam os princípios do Dr. Sears. Temos um entendimento muito melhor hoje do que um bebê precisa e sabemos que devemos responder prontamente às suas necessidades porque eles não têm a habilidade de esperar.”

Amamentação e cama dos pais
Recentemente a revista americana TIME mostrou, em sua capa, uma mulher amamentando o filho de três anos. Responsável por opiniões conflitantes, a cena trouxe à tona o debate a respeito de uma idade limite para a amamentação. Segundo a criação com apego, ela não existe.
“Eu pensava que seria esquisito amamentar até um ano de idade, mas acabei chegando no terceiro ano naturalmente. Não era nada esquisito, era apenas nossa rotina”, conta Elena.
A obstetriz Tamara Hiller também encara com naturalidade a amamentação de crianças que já passaram dos dois anos de idade. “Minha filha tem quatro anos e meio e ainda mama de vez em quando, geralmente antes de dormir. É um momento especial para nós duas. Não sinto necessidade de desmamá-la. Vou deixar acontecer naturalmente. Esse fato pode ser chocante para outros, mas é muito natural para mim.”
Assim como ela, a bióloga Isabel Campos Salles Figueiredo, 30, foi muito além dos seis meses de amamentação. “Lara tem dois anos e meio e ainda mama. Descobri que não tinha que parar no sexto mês ao observar minha irmã. Ela me ensinou que o bebê pode sim mamar sob demanda e não devemos interromper esse processo até que a criança esteja pronta.”

Além da amamentação, Isabel também não vê problema em outro princípio da criação com apego: a criança dormir na mesma cama dos pais. “As pessoas pensam muito na vida sexual do casal e não é isso que importa. Tem muitas outras maneiras de namorar. Deixar seu filho dormir na sua cama não implica em abandono do sexo. A vida de um casal com criança muda, mesmo que ela não durma na mesma cama dos pais”, enfatiza.

Limites
“A criação com apego diz respeito a bebês. Com os mais velhos temos que aprender a impor limites, claro. O bebê é uma criatura para quem você precisa dizer ‘sim’ o tempo inteiro. Mas para crianças mais velhas é preciso dosar ‘sim’ com ‘não’”, responde Robin Grille à crítica social feita aos pais que respondem prontamente a todas as necessidades dos filhos.

“Existem diferentes formas de se ensinar uma criança a respeitar seus próprios limites e os dos outros. Geralmente os pais ensinam o ‘não’ pelo ‘não’. Isso não ensina limite. Ensina autoritarismo e medo. Não podemos menosprezar a capacidade das crianças. Os pais devem explicar as razões pelas quais a criança pode ou não fazer algo. Agindo assim, ensina-se não somente limites, mas a ouvir e ser ouvido, a respeitar e ser respeitado. Dessa maneira, é possível compreender porque essa forma de criação exclui veementemente a punição moral, física e psíquica”, defende Ligia.

Corte precoce do Cordão Umbilical: para que a pressa?

Escrito por Mayra Calvette – Enfermeira Obstetra e idealizadora do projeto Parto pelo Mundo

Texto publicado no Blog da Gisele

Cortar o cordão umbilical é uma prática comum nos hospitais ao redor do mundo. Como se alguma coisa fosse acontecer se o bebê não fosse separado imediatamente de sua mãe e de sua fonte de oxigênio, sangue e nutrientes. Ou é uma pressa do profissional de acabar logo e passar para o próximo?
É uma prática enraizada na nossa cultura por milênios, e é reconhecia por Michel Odent como sendo mais uma “desculpa” para a separação imediata entre mãe e bebê. Como no passado se acreditava que o colostro (o primeiro leite) era prejudicial para o bebê.
Muitos estudos científicos têm comprovado os benefícios do corte tardio do cordão umbilical. Mas se pararmos para observar o lado do bebê e até outros mamíferos, fica fácil de entender.

O cordão umbilical sai do umbigo do bebê e se liga na placenta. A placenta por sua vez, está ligada a parte interna do útero materno. Durante toda sua vida o bebê recebeu oxigênio, sangue e nutrientes filtrados pela placenta. Envolto pela bolsa d’água, ele estava protegido, aquecido e confortavelmente apertado.
O parto é uma transição muito importante tanto para a mãe quanto para o bebê. O bebê passa pelo canal vaginal, o que estimula a saída de líquido pelas vias aéreas e também é importante para imunidade do bebê. Quando ele sai seus pulmões se expandem e a temperatura muda, estimulando a respiração. Mas o cordão umbilical ainda está ligado no bebê como esteve durante 9 meses! E ainda continua pulsando, enviando oxigênio, sangue e nutrientes.

Dessa forma o bebê ainda recebe oxigênio do cordão umbilical e tem a chance de aprender a respirar sem um corte abrupto dessa fonte. O cordão pode pulsar por vários minutos, soube de um cordão que pulsou por 40 minutos ! Ele pára de pulsar naturalmente e passa de um cordão grosso e cheio de vida para fino e branco. Eu já vi bebês muito saudáveis só resmungarem, dar um chorinho, mas logo pararem… mas na minha prática com parto domiciliar só cortávamos o cordão depois de a placenta sair. Observe a foto do cordão umbilical ao longo de 15 minutos.

Umbilical cord

Se o corte é feito logo que o bebê sai, claro que ele vai dar aquele choro forte na hora, pois ele é obrigado a expandir os pulmões se não ele fica sem oxigênio! Além de também ficar sem o aporte sanguíneo que ele naturalmente deveria receber, que fica preso na placenta. Um desperdício! O bebê ganha cerca de 100 ml a mais de sangue pelo cordão umbilical até o 3o minuto de vida, o que é um volume considerável para um bebê. E esse aporte sanguíneo previne anemia no primeiro ano de vida. Há evidências suficientes para que aconteça a mudança na prática. Uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde é o corte tardio do cordão umbilical.

Entre os outros mamíferos o corte do cordão umbilical é realizado depois da placenta ter nascido ou até mesmo horas após o parto. Pois se eles cortassem antes o filhotinho provavelmente teria uma hemorragia, pois eles não têm clamp para clampear o cordão umbilical e prevenir que saia sangue pelo coto umbilical. Então a natureza mostra que essa prática não é natural… não sei em que momento na história decidiram que cortar o cordão umbilical logo que o bebê nasce é benéfico. Mesmo o tétano neonatal poderia ser na sua grande maioria prevenido se o cordão umbilical fosse cortado algumas horas após o parto.
O cordão umbilical também tem o tamanho perfeito para o bebê ir direto para o colo da sua mãe, sem que seja cortado. E é ali que o bebê precisa estar. Do lado de fora de onde ele estava, na barriga da sua mãe.

Para a mãe também é um presente ter seu tão esperado bebê em seus braços, trocar cheiro e olhares.É um momento fundamental para o vínculo entre mãe e bebê. A amamentação geralmente inicia nessa hora. É também confortante, pois o bebê estava dentro da sua barriga, então não dá aquela sensação de “vazio”. Também estimula a liberação de ocitocina materna e faz um peso no útero, evitando hemorragia e estimulando a saída da placenta.

Então, para que a pressa? A pressa é inimiga da perfeição! É tão simples, não requer mais habilidades, equipamentos ou investimento. Mas requer uma coisa: Paciência do profissional. Apenas esperar alguns minutos traz tantos benefícios!
A natureza é muito Sábia.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Posturas facilitadoras do trabalho de parto.

Não existem posições ideais para estar durante o trabalho de parto. A postura ideal é aquela que a gestante se sentir mais confortável no momento!

Durante cada contracção a grávida deve ficar parada e respirar profundamente. Mas isso não quer dizer que tenha que estar parada durante todo o trabalho de parto... mudar frequentemente de posição entre contrações pode ajudar a relaxar e controlar o desconforto das contracções. Não ficar parada faz com que o trabalho de parto progrida mais rapidamente.

À medida que o trabalho de parto avança, tente varias posições, até encontrar uma que a ajude a sentir-se confortável.

Algumas ideias que a podem inspirar na procura da melhor posição facilitadora do trabalho de parto...


Balançar

Numa cadeira, numa bola de Pilates, sentada na cama...



Se estiver numa cadeira pode pedir ao seu acompanhante para sentar-se no chão à sua frente e empurrar os seus joelhos. Tendo as costas encostadas nas costas da cadeira, a pressão exercida nos seus joelhos pode ajudar a aliviar o desconforto mas costas.


Dançar

E porque não? Uma música relaxante e um momento mágico com o seu parceiro...

Incline-se e sustente-se no seu acompanhante, envolva os seus braços em torno do seu pescoço e dance...



É uma óptima posição para uma massagem nas costas.


Inclinar-se para a frente

Se sentir dores nas costas durante o trabalho de parto, inclinar-se para a frente pode ajudar a aliviar esse desconforto.



Use uma cadeira, sentando-se ao contrário. Esta é mais uma boa posição para uma massagem nas costas.

Também pode colocar-se no duche, inclinada para a frente e com a água na zona dorsal.




Pé mais elevado ("lunge")

Coloque um pé em cima de uma cadeira. Se a cadeira for muito alta, tente com um banco, ou apoie simplesmente um pé mais à frente que o outro e incline-se ligeiramente sobre o pé da frente.




Ajoelhar-se

Use uma bola de Pilates, uma cadeira, uma cama ou uma pilha de almofadas.







No hospital, levante a cabeça da cama e ajoelhe-se na parte mais baixa da cama enquanto descansa os braços e tronco na parte alta da cama .




Sentada com um pé elevado

As posições não simétricas podem também ajudar. Estando sentada, pode colocar um pé apoiado noutra cadeira. Inclinando-se ligeiramente para a frente poderá conseguir algum alívio na zona lombar.




Estar de cócoras

Estar agachada abre a pélvis, dando ao seu bebe mais espaço para descer no canal de parto.

Use uma cadeira ou uma cama para a sustentação.



Pode também agachar-se com as costas contra a parede ou entre os pés do seu acompanhante, que a sustenta sentado numa cadeira.


Reclinada

Pode pedir ao seu acompanhante para se sentar por trás de si.




De gatas

Poderá ajudar no desconforto nas costas, pois alivia o peso nas mesmas. Ajuda o bebe a girar e a posicionar-se melhor para o período expulsivo.




Deitar de lado

Preferencialmente sobre o lado esquerdo.
   
Publicado em familias-madeira.com

50 Intervenções desnecessárias durante a gravidez, parto e pós-parto.



(por Ingrid Lotfi com supervisão técnica de Melania Amorim e Maíra Libertad)

1) Exames pré-natais não incluídos na rotina preconizada pelo Ministério da Saúde do Brasil (os exames recomendados são: grupo sanguíneo e fator Rh, sorologia para sífilis – VDRL, hemoglobina e hematócrito para rastreamento de anemia, exame de urina tipo I, sorologia para HIV e hepatite B – AgHBs, glicemia de jejum, teste para toxoplasmose-IgM, colpocitologia oncótica se necessário).
2) Exames de efetividade discutível sem prévia discussão com a gestante sobre riscos e benefícios (p.ex. pesquisa de EGB (Estreptococcus do Grupo B)).
3) Prescrição de complexo vitamínico, sem uma indicação clara.
4) Ultrassonografias sem indicação clínica.
5) Dopplerfluxometria em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.
6) Ecodopplercardiografia (exame para avaliar o coração) fetal em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.
7) Cardiotocografia em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.
8) Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.
9) Cesariana eletiva sem indicação clínica e/ou sob falsos pretextos (ver lista das “Indicações das desnecesáreas).
10) Exames de toque antes do trabalho de parto, sem indicação clara.
11) Descolamento de membranas antes de 41 semanas de gravidez.
12) Descolamento de membranas sem prévia discussão e autorização da gestante.
13) Restringir a escolha do local de parto.
14) Desencorajar ou proibir o acompanhante/doula no parto da escolha da mulher, ou permitir a entrada de pessoas não autorizadas.
15) Internação precoce.
16) Exames de toque/remoção de rebordo de colo abusivos durante o trabalho de parto e de rotina.
17) Exames de toque/remoção de rebordo SEM o prévio consentimento da gestante.
18) Toque Retal.
19) Jejum, tricotomia (raspagem dos pêlos) e enema (lavagem intestinal).
20) Qualquer restrição à deambulação/liberdade de movimentos.
21) Estabelecer limites rígidos para a duração da fase latente, ativa e do período expulsivo.
22) Atrapalhar o processo fisiológico do parto, desconcentrando a gestante.
23) Monitoração fetal contínua ao invés de intermitente (onde o profissional ausculta o bebê de tempos em tempos com o sonar).
24) Uso rotineiro de soro com ocitocina/indução com misoprostol.
25) Uso rotineiro de analgesia de parto.
26) Oferecer ou insistir na analgesia de parto sem que a mulher a tenha solicitado.
27) Amniotomia de rotina (rompimento da bolsa).
28) Puxos precoces (treinar fazer “a” força, antes que a mulher possa sentir os puxos).
29) Puxos dirigidos (“faça força agora”, “força comprida”, etc).
30) Manobra de Valsalva (orientar a “trincar os dentes e fazer força”).
31) Desestimular a escolha pela mulher da posição/ambiente em que quer parir.
32) Manobra de Kristeller (empurrar o fundo do útero)/pressão de qualquer intensidade no fundo uterino/”só uma ajudinha”.
33) Manobra de “divulsão” perineal e/ou massagem perineal sem consentimento da mulher.
34) Episiotomia.
35) Não permitir o nascimento espontâneo.
36) Aplicar fórceps e vácuo de rotina e/ou sem autorização da mulher.
37) Sutura rotineira das lacerações.
38) Revisão instrumental do canal de parto de rotina (fórceps, vácuo extrator).
39) Cesariana intraparto sem indicação precisa e sem caráter de emergência.
40) Ligadura precoce do cordão, sem aguardar parar de pulsar.
41) Entregar um bebê vigoroso ao neonatologista para secar e aquecer, afastando-o da mãe.
42) Aspiração de rotina das vias aéreas do recém-nascido.
43) Passagem de sonda de rotina no recém-nascido, para pesquisar atresia de coanas, atresia de esôfago e ânus imperfurado.
44) Uso rotineiro de Credé (colírio de nitrato de prata).
45) Levar bebês saudáveis para o berçário.
46) Fazer qualquer procedimento com o RN sem consultar e obter autorização dos pais.
47) Não permitir o delivramento (saída da placenta) espontâneo.
48) Revisão manual da cavidade uterina de rotina, mesmo em casos de cesárea anterior.
49) Oferecer bicos, chupetas, mamadeiras, com leite artificial para o recém-nascido.
50) Aplicar vacinas sem o consentimento e autorização dos pais.

Publicado em Fisiologia do parto 

Contrações de treinamento - Braxton-Hicks.



O que são as tais contrações falsas, de treinamento ou de Braxton-Hicks?

Lá pela metade de sua gravidez, às vezes até antes, você pode notar que os músculos do seu útero deixam sua barriga dura, o que dura de 30 a 60 segundos. Nem todas as mulheres sentem essas contrações, que surgem aleatoriamente e costumam ser indolores.
Elas recebem o nome de contrações de treinamento, contrações “falsas” ou contrações de Braxton-Hicks, em homenagem ao médico inglês John Braxton Hicks, que as descreveu pela primeira vez em 1872.
Os especialistas acreditam que elas sejam uma espécie de treino do corpo para o trabalho de parto, e que colaborem para o processo de “apagamento” do colo do útero (que vai ficando mais fino) e para a dilatação.

Como vou saber a diferença entre as contrações de treinamento e as contrações de verdade?

A maioria das grávidas de primeira viagem faz essa pergunta, e a resposta mais adequada, a que recebem dos médicos e de quem já passou por isso, chega a dar raiva: “Você vai saber quando for trabalho de parto de verdade”. Mas eles estão certos. As contrações verdadeiras são bem mais longas, além de mais regulares, mais frequentes e mais doídas que as de treinamento.
A dor do parto também vai aumentando em frequência, duração e intensidade com o tempo, enquanto as “falsas contrações” são imprevisíveis, e não chegam a pegar ritmo. Ou seja: o ritmo é o mais importante, preste atenção nele.

E se as contrações de Braxton Hicks começarem a doer?

À medida que sua gravidez avança, esse tipo de contração pode ficar mais intensa, e é possível que doa. Quando elas começarem a ficar mais fortes e frequentes, você pode até achar que o trabalho de parto começou para valer, mas o tempo passa e elas continuam irregulares em termos de intensidade, frequência e duração — e podem até desaparecer completamente, levando você à loucura.
São os chamados alarmes falsos. Se você sentir que suas contrações estão diminuindo ou se espaçando, provavelmente elas não passaram de contrações de Braxton Hicks (ou falso trabalho de parto).
Uma sugestão é usar as contrações de treinamento para praticar técnicas de respiração que vão ajudá-la no parto vaginal.

O que eu devo fazer se elas ficarem doloridas?

Muitas mulheres acabam notando que as contrações vêm com mais frequência quando elas fazem alguma atividade física, mesmo que seja tirar as compras do carro. Outras percebem que a bexiga cheia demais deflagra contrações de treinamento.
Se você se sentir desconfortável, faça xixi, em primeiro lugar, e depois ou se deite ou dê uma caminhada, o que funcionar melhor para você. Um banho morno às vezes também é benéfico.
Tomar um copo d’água pode ajudar a reduzir a frequência das contrações de Braxton Hicks, pois especialistas acreditam que elas podem ser incentivadas pela desidratação. Em geral, a falta de líquido torna seu útero mais sensível e irritável — outro bom motivo para beber muito líquido durante a gravidez.

Quando devo ligar para o médico?

Telefone para o médico ou procure orientações se suas contrações forem acompanhadas de secreção vaginal parecida com água ou com sangue.
Se você não tiver completado 37 semanas, procure o médico se as contrações forem acompanhadas de dores na parte baixa das costas, se você sentir mais de três contrações em uma hora ou se elas estiverem acontecendo em intervalos regulares — são sinais de trabalho de parto prematuro.
Se você já está com mais de 37 semanas, só precisa ligar para o médico quando suas contrações durarem cerca de 60 segundos cada uma e acontecerem a um intervalo de cinco em cinco minutos — exceto se você tiver um histórico de parto rápido ou se morar muito longe do hospital. Nesses casos, é melhor procurar orientação se as contrações estiverem regulares, independentemente do intervalo.

Fonte: Baby center

Episiotomia - Um cortezinho nada inocente.

Episiotomia, incisão no períneo para alargar a abertura vaginal, é intervenção criada após a introdução da posição deitada no momento do parto. Sem qualquer estudo que a sustenta e muita evidência científica contra a persistência da episiotomia de rotina é uma das grandes incógnitas da obstetrícia medicalizada.

Supostamente para evitar ferimentos, praticada indiscriminadamente a muitas mulheres, é um "cortezinho limpo" que evita graves lesões perineais e é também um dos maiores mitos entre muitos profissionais.

Na verdade, muitas lacerações profundas correspondem exatamente à episiotomia. O principal argumento apoiando o uso da episiotomia é que "evita as lacerações." Mas hoje, considera-se que as principais causas de desgaste grave é a posição de litotomia, a dilatação forçada quimicamente, os puxos dirigidos e, acima de tudo, a episiotomia. Anos atrás, um dos argumentos favoritos pelos defensores era que a episiotomia impedia danos à cabeça do bebê ao passar pelo canal do parto. Como se a vagina fosse cimento! Certamente, a freqüência de uso de fórceps durante tantos anos contribuiu para a popularidade desta incisão.


Quando a mãe está deitada e é obrigada a empurrar o bebê sobre uma grande área de atrito e contra a gravidade é mais fácil de sofrer laceração nos tecidos profundos, mas se a mulher tem liberdade de movimento, encontra sempre a posição em que a tensão da vulva é menor.
Quando a mulher se inclina para a frente, por exemplo, ou se apoia em alguém, os músculos do interior das coxas podem relaxar e dilatar o períneo mais facilmente. Mesmo quando ocorre alguma laceração, ainda é muito menor do que uma episiotomia.




Este corte do períneo ainda é realizada rotineiramente em alguns hospitais. Se existe liberdade de movimento às parturientes, se elas ficam na posição desejada, conseuquentemente a episiotomia fica limitada, elas raramente ultrapassam os 20%. Na Holanda, por exemplo, existe uma taxa de episiotomia em torno de 8%. Em algumas regiões européias, a taxa é de 6%, enquanto em outros chegam a quase 100%.

Quando o nascimento termina com um reflexo que progride espontaneamente, é muito raro ocorrer lacerações perineais, e quando ocorrem, são mais leves e se curam melhor do que uma episiotomia. Portanto, expulsivos espontâneos, como os que ocorrem na rua ou no carro, raramente são acompanhados por lacerações.


Consuelo Ruiz Velez-Frias, uma das parteiras que tem contribuído para dignificar as mulheres na Espanha, acredita que um dos fatores que influenciam a elasticidade do períneo é a forma como a mulher atinge a dilatação completa. Em seu texto "Como é tratado um parto em casa", Consuelo destaca a importância de permitir que mulheres dilatem no seu próprio ritmo, para que o períneo fique intacto, algo difícil de alcançar quando o parto é acelerado com ocitocina e submetido a um tempo artificialmente encurtado.

Não existem evidências que comprovem que a episiotomia seja realmente necessária, pelo contrário, o que se mostra é que a episio é uma das causas mais comuns de hemorragia pós-parto e infecção, aumenta significativamente a probabilidade de sofrer uma laceração grave e enfraquecer os músculos do pavimento pélvico, favorecendo condições, tais como incontinência e subsequente prolapso. Dr. Wagner, por muitos anos diretor de saúde materno-infantil da OMS, não hesita em qualificá-lo como "mutilação genital".

Quais as diferenças entre pré-eclâmpsia e eclâmpsia?




O que é pré-eclâmpsia/eclâmpsia?

O feto é um corpo parcialmente estranho ao organismo da mulher, porque metade genética dele proveio do pai. Normalmente a mulher desenvolve mecanismos que o protegem e não o rejeitam. Em alguns casos, porém, ele pode liberar na corrente sanguínea da mãe substâncias que ocasionam vasoconstrição e aumento da pressão arterial. Este estado é chamado pré-eclampsia e causa, além da elevação da pressão arterial, aumento da albuminúria (presença de albumina na urina), cefaleia persistente, edema, oligúria (diminuição da urina), vertigens, zumbidos, fadiga, sonolência e vômitos, entre outros sintomas. A eclâmpsia é uma complicação ainda mais grave da gestação, que consiste em convulsões repetidas, seguidas de um estado comatoso. Geralmente a eclâmpsia ocorre no último trimestre da gestação, mas pode aparecer antes disso, durante ou após o parto.
Não há uma evolução linear entre as duas doenças e, ao contrário do que se pensava antigamente, a eclâmpsia não é uma evolução da pré-eclâmpsia. A maioria das mulheres com pré-eclâmpsia não irá apresentar eclâmpsia. A eclâmpsia na verdade é apenas uma manifestação grave da pré-eclâmpsia.

Quais são as causas da pré-eclâmpsia/eclâmpsia?

Ainda não se conhece corretamente as causas da pré-eclâmpsia/eclâmpsia, mas sabe-se que a placenta tem grande influência na produção do quadro. Uma das teorias diz que a pré-eclâmpsia/eclâmpsia ocorre em razão de uma vascularização imperfeita da placenta, que causa uma isquemia. A placenta em sofrimento produz substâncias que, ao caírem na circulação sanguínea materna, causam descontrole da pressão arterial e lesão nos rins.

Alguns fatores favorecem o aparecimento da pré-eclâmpsia/eclâmpsia. São eles:
  • Idade acima de 35 a 40 anos.
  • História familiar para a condição.
  • Intervalo de tempo muito longo entre as gestações.
  • Primeira gestação.
  • Ser afrodescendente.
  • Ter diabetes mellitus, hipertensão arterial (pressão alta), doença renal, lúpus, obesidade.
  • Gestação de mais de um feto ao mesmo tempo.
  • Gravidez na adolescência.
Quais são os sinais e sintomas da pré-eclâmpsia/eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia pode ser assintomática, mas quando há sintomas, os principais são:
  • Inchaço.
  • Aumento rápido de peso, devido ao acúmulo de líquidos (cerca de 1kg por semana).
  • Hipertensão arterial.
  • Proteinúria (presença de proteínas na urina).
Em casos mais sérios podem ocorrer dores de cabeça, dores estomacais, taquicardia, presença de sangue na urina e alterações visuais.
Na eclâmpsia propriamente dita podem ocorrer, em razão do aumento considerável da pressão arterial, hemorragias vaginais, dores de cabeça, convulsões e coma.

Como o médico diagnostica a pré-eclâmpsia/eclâmpsia?

O diagnóstico da pré-eclâmpsia/eclâmpsia é feito por meio de uma detalhada história clínica e baseia-se nos níveis elevados da pressão arterial e nos exames laboratoriais da paciente. Além disso, na eclâmpsia, ocorrem os sintomas próprios do quadro. Muito frequentemente esse diagnóstico é feito durante o acompanhamento pré-natal. Essa é mais uma das razões que tornam esse acompanhamento tão importante.

Como o médico trata a pré-eclâmpsia/eclâmpsia?

O tratamento deve começar por um acompanhamento pré-natal regular. As pacientes com diagnóstico de pré-eclâmpsia devem ser submetidas a repouso, controle da pressão arterial e adoção de uma dieta com pouco ou nenhum sal. Nos quadros mais graves pode ser aconselhada a internação e a administração de medicamentos anti-hipertensivos e anticonvulsivantes.
A eclâmpsia propriamente dita sempre exigirá a internação, medicações venosas anticonvulsivantes e anti-hipertensivas e, geralmente, interrupção da gravidez.

Como prevenir a pré-eclâmpsia/eclâmpsia?

Pode-se tentar prevenir a eclâmpsia por meio de uma assistência pré-natal adequada que recomende muita ingestão de água e abstinência ou redução drástica da ingestão de sal.
Uma atenção especial deve ser dispensada aos grupos de risco.
Nos casos mais graves, podem ser adotadas medidas preventivas, como suporte cardiorrespiratório, emprego de anticonvulsivantes, tratamentos anti-hipertensivos e antecipação do parto.

Como evoluem as pré-eclâmpsias/eclâmpsias?

Um grande número de gestantes com eclâmpsia apresentará complicações graves, com risco de morte, pelo que geralmente é indicada a indução do parto. O término da gravidez é o único tratamento curativo. Nas mulheres com gestação menor que 32 semanas pode se indicar a cesariana.
A doença regride espontaneamente com a retirada da placenta.

Fonte: ABC med

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Prolapso de cordão por amniotomia precoce - por Melania Amorim

Recentemente li o livro "A queda - As memórias de um pai em 424 passos, de Diogo Mainardi." 

 E me lembrei de um post do Blog da Dra Melania - Estuda Melania, Estuda! que esclarece muito bem o ABSURDO que aconteceu com essa família. O livro é ótimo e o texto do blog então nem se fala! 

Prolapso de cordão por amniotomia precoce - o caso do filho do Diogo Mainardi



Leio com atenção o novo livro de Diogo Mainardi: "A QUEDA - As memórias de um Pai em 424 passos". No livro o autor aborda a sequência de eventos que levaram ao nascimento de seu filho Tito com asfixia perinatal grave, em consequência da qual resultou uma paralisia cerebral do tipo tetraplégica espástica, em uma forma leve.

Sempre me interessei por todas as (belas) crônicas com que o autor descreveu sua reação diante do diagnóstico e depois o tratamento de um filho com paralisia cerebral, desde a publicação de "Meu Pequeno Búlgaro", em um texto de 9 de maio de 2001:


Não estou interessada e nem irei abrir espaço neste blog para discutir o estilo literário e as opiniões políticas do ex-colunista da Veja. O que me interessa, como obstetra, cientista e mãe, é discutir as causas da paralisia cerebral de Tito e como elas se encaixam dentro do atual modelo de assistência ao parto, tecnocrático e intervencionista, vigente em muitos hospitais, e não apenas na Scuela Grande di San Marco, em Veneza.

O que aconteceu na assistência ao parto de Anna, a esposa de Mainardi, em 30 de setembro de 2000, quando os dois foram admitidos no hospital de Veneza? Uma obstetra, que ele descreve como doctoressa F, resolveu acelerar o nascimento de Tito através de uma amniotomia (ruptura artificial das membranas)

Detalhe: de acordo com o que está escrito no prontuário o colo uterino de Anna ainda estava impérvio, e a apresentação cefálica alta (estação -3 de DeLee) e móvel. Na verdade, possivelmente Anna estava ainda em pródromos e sequer tinha indicação de ficar internada. Também não havia qualquer indicação de antecipar o nascimento.


Mas a amniotomia foi realizada e, como vocês podem ler na figura que escaneei acima (páginas 28 e 29 do livro), quando a dotoressa F rompeu a bolsa das águas, ocorreu um prolapso de cordão umbilical, o cordão umbilical, como o Mainardi descreve, foi "esmagado" e, em decorrência, Tito sofreu asfixia perinatal grave. A cardiotocografia descreve uma queda importante - e sustentada - da frequência cardíaca fetal (FCF) de 160bpm após a amniotomia para 60bpm, em um padrão de bradicardia persistente.

Amniotomia

Nesse momento, a obstetra não estava ao lado do casal. A enfermeira foi buscá-la, juntas desligaram o monitor e ligaram outro e finalmente, depois de um atraso considerável, encaminharam Anna para a sala de cirurgia. A cesariana foi realizada 45 minutos depois da primeira queda de seus batimentos cardíacos. De acordo com o autor, os peritos médico-legais que avaliaram o caso definiram que uma cesariana de emergência, como indicada na condição em tela, teria de ocorrer em menos de 20 minutos.

Prolapso de cordão

Não está descrito no livro, mas como seriam eventos impossíveis de esquecer, eu presumo que também não foram feitas as manobras de ressuscitação intrauterina nem adotada a posição de "prece maometana", medidas recomendadas para aliviar a compressão do cordão enquanto se providencia a cesariana de emergência. Outra alternativa seria a posição de Sims exagerada, como demonstramos nas figuras abaixo:

 Posição de prece maometana
Posição de Sims exagerada

A ressuscitação intrauterina consiste em uma série de procedimentos para melhorar o fluxo fetoplacentário em casos de FCF não tranquilizadora, enquanto não se realiza o parto de emergência: mudar o decúbito, suspender ocitocina, expansão volêmica, administrar oxigênio à mãe e administrar terbutalina subcutânea para reduzir/suprimir as contrações uterinas. No caso do prolapso de cordão, a mudança de decúbito é orientada conforme apresentamos acima. 

Para estudar sobre ressuscitação intrauterina, recomendo o excelente artigo abaixo citado:



Porém, independente de terem sido ou não tomadas essas medidas, o que mais chama a atenção no caso do filho do Diogo Mainardi é que a amniotomia precoce foi completamente mal indicada e desnecessária.

Vejam essa recomendação de um hospital australiano:

E esse artigo em francês sobre a conduta no prolapso de cordão e os desfechos neonatais: analisaram-se 57 casos de prolapso de cordão, uma incidência de 1,25 para casa 1.000 nascimentos. Prolapso de cordão se associou com amniotomia em 42% dos casos! Prolapso de cordão se associou com 26% de casos de escores de Apgar menores que 7 no quinto minuto e admissão em UTI neonatal. Os desfechos neonatais foram melhores quanto menor o tempo entre o diagnóstico e o nascimento. Para a maioria dos casos, exceto quando a dilatação está completa e o período expulsivo pode ser abreviado com fórceps ou vácuo-extração, isso é sinônimo de cesariana dentro de no máximo 20 minutos. 


A melhor estratégia de prevenção primária nos casos de gestação única com feto em apresentação cefálica é NÃO realizar amniotomia de rotina, mesmo que presentes condições para praticá-la, isto é, dilatação avançada e apresentação fetal encaixada na pelve. A revisão sistemática disponível na Biblioteca Cochrane NÃO recomenda a amniotomia como procedimento de rotina na assistência ao parto, uma vez que não há quaisquer efeitos benéficos associados com essa prática:

A Organização Mundial de Saúde também não recomenda amniotomia de rotina na assistência ao parto:


Em alguns casos em que a amniotomia pode estar indicada para correção de distocias, todos os cuidados devem ser tomados para evitar seus efeitos deletérios. Deve-se ter uma dilatação mínima de 4cm, apresentação cefálica encaixada (NUNCA realizar o procedimento com apresentação alta e móvel, exceto em casos de feto morto) e, logo depois do procedimento, os dedos permanecem dentro da vagina permitindo o escoamento lento do líquido amniótico e verificando se não ocorreu o prolapso de cordão. O procedimento é contraindicado se já há diagnóstico prévio de procidência de cordão.


Amniotomia precoce é causa relativamente comum de prolapso de cordão iatrogênico e, portanto, não se justifica à luz das evidências atuais.

É importante apresentar os detalhes desse caso como um exemplo típico de má prática associada com intervenções desnecessárias durante o trabalho de parto. Não havia qualquer indicação de se realizar amniotomia em pródromos!

Devemos destacar que apenas 10% dos casos de paralisia cerebral se associam com asfixia perinatal e, ao contrário do que julga o senso comum, não é o parto vaginal o principal vilão da paralisia cerebral, uma vez que na maior parte dos casos causas antenatais (sobretudo prematuridade e intercorrências obstétricas) podem ser identificadas.  

No entanto, a incidência de asfixia perinatal no Brasil é bem mais elevada do que em outros países (6-7 por 1.000 nascimentos) e há ainda muitos casos iatrogênicos de paralisia cerebral, não pelo parto vaginal per se, mas pelo mau uso de práticas e procedimentos como infusão exagerada de ocitocina, amniotomia e ausência de monitorização da FCF durante o trabalho de parto e manobra de Kristeller (pressão fúndica) durante o período expulsivo. Também é pouco frequente a realização de ressuscitação intrauterina em casos de FCF não tranquilizadora. 

O caso do Tito ocorreu na Itália, mas certamente muitos casos semelhantes ocorrem diuturnamente no Brasil. A história de superação da família Mainardi me comove e inspira, porque os pais acolheram com Amor a deficiência do pequeno Tito e envidaram todos os esforços para incentivar o seu desenvolvimento, e isso deve servir de exemplo para todos os pais que lidam com um filho especial. Amá-lo incondicionalmente, não apesar da deficiência, mas amá-lo com a deficiência. Como diz o Mainardi, "nós amávamos tanto o Tito que passamos a amar a própria paralisia cerebral".


No entanto, por mais que amemos os nossos filhos especiais, e mesmo que não possamos prevenir TODOS os casos de paralisia cerebral, temos o dever e a obrigação de evitar a paralisia cerebral iatrogênica. 

Que a divulgação desse caso possa fazer com que muitos obstetras reflitam antes de usar o amniótomo, porque na grande maioria das vezes a amniotomia é desnecessária e pode ser prejudicial. Volto a insistir na minha campanha contra as intervenções obstétricas de rotina: TIRE A MÃO DAÍ!

Caminha, Tito, caminha! Possam os teus passos te levar, qual Buzz Lightyear, ao infinito e além, abrindo caminho para um novo mundo em que outras crianças não tenham que passar pelo que passaste.