sexta-feira, 26 de setembro de 2014

As necessidades básicas da parturiente.

Algumas condições externas que devem ser respeitadas para o bom procedimento de
um parto ativo.

Um parto normal acontece sozinho, guiado pelo próprio corpo. Rompimento da bolsa, dilatações, contrações são ações involuntárias do corpo, que acontecem devido a informações enviadas pelo cérebro. E como o cérebro envia informações ao corpo? Através dos hormônios.

O trabalho, portanto, pode ser compreendido fisiologicamente como uma cadeia sutil de hormônios, que vão acionando um ao outro e conduzindo ao parto/nascimento. Quem comanda todo esse processo é a estrutura primitiva do cérebro, chamada de “sistema límbico” e composta pelo hipotálamo e hipófise. São as estruturas que temos em comum com os cérebros de todos os outros mamíferos. Durante o trabalho de parto, como em qualquer outra experiência sexual, as inibições que podem acontecer no processo provêm da outra parte do cérebro, a mais moderna, denominada córtex ou neo-córtex. Muito desenvolvida nos seres humanos, essa parte do cérebro correspondente a atividade intelectual e racional.

O obstetra Michel Odent identificou fatores que estimulam a atividade do neo-cortex, e que devem ser evitadas para permitir que o cérebro primitivo funcione sem impedimentos e assim favorecer o trabalho de parto. Essas são necessidades básicas muito simples, mas fundamental que sejam respeitadas. São elas:


LUZ: luzes fortes estimulam o neo-cortex, e isso é já bem claro aos técnicos que realizam eletro encefalogramas. Um parto que ocorre na penumbra, portanto, tende a ser facilitado.
LINGUAGEM: A linguagem racional é um processo intelectual comandado pelo neo-córtex. Portanto, perguntar à mulher durante o trabalho de parto qual é o seu número de telefone ou a que horas fez xixi, por exemplo, obriga que ela raciocine, acionando o neo-cortex e consequentemente atrapalhando a ação do cérebro primitivo e o trabalho de parto. Melhor não recorrer à linguagem verbal a uma mulher em trabalho de parto.
PRIVACIDADE: todos sabemos que quando nos sentimos observados temos a tendência de corrigir nossa postura, e isso representa acionar o neo-cortex. Quanto maior privacidade, melhor para que o trabalho de parto proceda bem. Odent inclusive chama atenção para a posição onde a parteira/ doula/ médico se encontra no momento do parto (na frente ou atrás da mulher), e para as fotografias e filmagens nesse momento.
NECESSIDADE DE SENTIR-SE SEGURO: A adrenalina aciona um estado de alerta que inibe a liberação dos hormônios necessários ao parto. Todas as situações em que a mulher se sente em risco liberam adrenalina vão dificultar o parto. A presença de pessoas com quem a mulher se sinta segura, portanto, é fundamental para facilitar o trabalho.
FOME E ADRENALINA: O medo faz aumentar o nível de adrenalina, mas a fome também. Depois de comer todos ficamos mais calmos. A TEMPERATURA também influencia na taxa de adrenalina: um ambiente frio tende a aumentar a taxa de adrenalina. A mulher em trabalho pode comer se sentir necessidade, e os que estão acompanhando o parto devem cuidar para que o ambiente esteja bem aquecido.
Um parto ativo será beneficiado se essas necessidades básicas da parturiente forem respeitadas.
É importante lembrar que o cérebro reconhece apenas os hormônios produzidos pelo próprio corpo. Hormônios sintéticos não produzem os mesmos efeitos, e podem atrapalhar a delicada seqüência entre eles.


Fonte: Aqui  Imagem: Pinterest

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A importância do Vérnix: Proteção ou Sujeira?

A vérnix caseosa é um material gorduroso branco, que é formado pelo acúmulo de secreção das glândulas sebáceas e inclui células epiteliais e lanugem, que recobrem a pele ao nascimento.  
Esse material pode estar presente sob a forma de uma camada muito fina ou muito espessa e que normalmente desaparece sozinho em torno de 24 horas.


Durante a vida intrauterina, o vérnix protege a pele do bebê impermeabilizando e fazendo uma barreira contra ações bacterianas. Após o nascimento ele continua proporcionando proteção ao bebê portanto exceto em situações específicas, ele NÃO deve ser retirado. 

A manutenção da barreira protetora da pele logo após o nascimento é de fundamental importância para uma boa adaptação extra-uterina, como também para uma boa termorregulação. Alguns profissionais tratam o vérnix como se fosse "sujeira" de parto e acreditam que o banho na primeira hora de vida deixam o bebê "mais limpinho e cheiroso" quando na verdade não é isso que acontece! 


Este material protetor já atuava antes mesmo do nascimento, protegendo o feto contra possíveis microrganismos presentes no líquido amniótico. Após o nascimento, ele continua protegendo a pele, porém, após as 24 horas de vida sua remoção é recomendada para evitar infecções e alergias causadas pela alta umidade. Em alguns casos, sua remoção deve ser realizada logo após o nascimento, como é o caso de crianças filhas de mães com HIV, historia de infecções prévias e perinatais, e também 
em casos de líquido amniótico meconial ou fétido. Nestes casos devemos analisar a relação risco x benefício.


Caso contrário o vérnix NÃO precisa ser retirado!!!

Vérnix NÃO é sujeira...é PROTEÇÃO!!!!



Imagens: Pinterest

sábado, 20 de setembro de 2014

Relato de Parto da Cris - Nascimento da Arielly


"Eu não poderia começar esse relato sem falar sobre o nascimento da minha primeira filha Camilly, em 2006. Com 42 semanas de gestação, após 12 hs de trabalho de parto, normal de cócoras, porém cheio de intervenções, procedimentos desnecessários comigo no trabalho de parto e com ela assim que nasceu. Eu me sentia realizada ao me tornar mãe, ao pegar no colo um ser tão indefeso, uma bebezinha linda e perfeita, a minha filha! E eu era tão nova, aquilo tudo era novo demais para mim... Porém algo me dizia que poderia ter sido diferente, só não sabia como.
A relação com o pai dela nunca deu certo e logo nos separamos.
Tempo depois o destino colocou em minha vida o Gabriel, um homem com todas as qualidades que eu esperava encontrar em alguém, nos apaixonamos, casamos, e após 4 anos resolvemos ficar grávidos!

Assim que engravidei comecei a pesquisar sobre parto natural, vi muitos e muitos vídeos, li inúmeros relatos, assisti o filme : O Renascimento do Parto e pronto! Decidi que dessa vez seria diferente! Peguei uma cópia de um plano de parto na Internet, mas não fazia ideia de como iria usa-lo. Até que uma amiga me falou de uma doula que ela conhecia.
Encontrei a Mariana, conversamos muito, muito mesmo, amei a forma como ela me encorajava a ficar firme e então eu decidi que iria brigar com o sistema para ter um parto respeitado da forma como eu queria de acordo com as condições e pelo SUS, sem obstetra escolhido, pegaria o plantão e boa!
Montamos um plano de parto com todas as minhas vontades. Tudo certo! Era o empoderamento para que minha segunda filha tivesse um nascimento mais respeitado.

Minha gestação foi longa e para desespero de muita gente ultrapassou as 40 semanas, assim como a primeira. Tive muitos e muitos pródromos, alarmes falsos de deixar a Mari louca, rsss.
No dia 23/05/2014 com 41 semanas e 1 dia, acordei com um pequeno sangramento. A tarde fui ao médico que estava acompanhando minha gravidez, ele examinou, e estava tudo bem, o sangue era o meu colo começando a dilatar. O parto se aproximava. Fui para casa ansiosa, mas tranquila pois eu sabia que ainda poderia demorar mais alguns dias.

O Gabriel (meu marido) trabalha no período noturno e nas últimas semanas antes de sair, ele sempre dizia: "me liga se sentir qualquer coisa", e nesse dia ele não disse nada! Fui me deitar e fiz o que fazia quase todos os dias antes de dormir, peguei o celular e filmei minha barriga mexendo, fazendo ondas, adorava ficar olhando e sentindo os movimentos da minha pequena em meu ventre. Mas nesse dia ela estava muito agitada, mais do que o normal.

Fiquei então curtindo a barriga, fazendo carinho e não conseguia dormir, então as 23:50 hs comecei a sentir cólicas, fiquei deitada, e esperei. Não passavam, resolvi marcar o tempo. Estavam bem regulares. Liguei para o Gabriel e pedi para que ele viesse para casa. As dores foram ficando mais intensas. Avisei a Mari e combinamos de nos encontrar no hospital, assim que as dores aumentassem mais, enquanto isso eu iria avisando ela como as coisas estavam.

Fiquei umas 2 horas no chuveiro, me arrumei, acordei minha filha, , e me despedi longamente dela, emocionada, e ela sonolenta sem saber direito se era verdade que a irmâzinha tão esperada iria nascer, e então o Gabriel a levou para a casa dos meus pais.
As contrações estavam vindo a cada 5 minutos. Comi chocolate, e fiquei deitada no colo do Gabriel, recebendo carinho. Quando as dores ficaram mais fortes, eu já não conseguia mais ficar parada, andava de um lado para o outro.
As 5:30 hs achamos que era melhor ir para o hospital, pois tínhamos que pegar estrada até lá, por ficar em Botucatu e nós moramos em São Manuel.
Encontramos com a Mari na recepção, e eu ja estava tendo que parar a cada contração e abaixar para buscar algum alívio.
As 07:30 o exame de toque revelou que meu colo tinha dilatado quase 5 cm, fizemos a internação e eu imaginei que meu parto seria rápido.


No quarto muita conversa, risos, chocolate, chuveiro, exercícios na bola, anda, senta, levanta, massagem, mimos e carinhos da doula e do marido. E as 14 hs após uma nova avaliação, a dilatação ainda era a mesma. Meu trabalho de parto estava travado, porém fiquei firme e forte. Eu sabia que podia aguentar!
No chuveiro eu viajava para outra dimensão, ter a Mari ao meu lado me encorajando era fundamental para esquecer do mundo e mergulhar nas sensações.


Ver a forma carinhosa com que o Gabriel me olhava, me trazia calma, tê-lo ao meu lado o tempo todo me deixava tranquila para me entregar de corpo e alma à cada contração. Seus abraços me davam força para aguentar a dor. Sim, dói! Dói muito, mas não é uma dor que se possa explicar, dar exemplos, definir. É uma dor louca, muito forte e intensa, mas que desaparece por completo entre uma contração e outra. Uma dor que traz a vida, a cada contração eu estava mais perto de pegar minha filha nos braços.


Essa menininha foi teimosa pra nascer, não queria encaixar de jeito nenhum, estava quentinha e feliz, porque iria querer sair? Já fazia muitas horas que eu estava em trabalho de parto e ela ainda estava alta, nada de encaixar. Fomos até a sala de pré parto para que eu tentasse outros exercícios e posições para ajudar a dilatar mais.




No ápice da dor, creio que fui para a partolândia, me lembro de poucas coisas desse momento, chorava igual criança, rezava e pedia para que ela nascesse logo, abraçava o Gabriel, abraçava a Mari, apertava as mãos deles, não sabia mais que mão era de quem. Trocava de posição a cada contração. E enfim a bolsa se rompeu.
E logo veio uma imensa vontade de fazer força, sentei no banquinho, a Mari na minha frente, o Gabriel me abraçando por trás dizendo que nossa filha estava chegando, um momento de total entrega, em que a mulher não manda em seu corpo.

Muita emoção, a mesma emoção que senti ao ver a Camilly nascendo eu sentia naquele momento vendo a Arielly nascer.
Acredito que para a mãe, ver o filho pela primeira vez é mágico, seja qual for a forma que ele nasceu. Mas parir, sim PARIR! Essa é a palavra! É algo divino, é entrega, é realização, é sentir-se mais mulher! Não é dizer que sou "mais mãe", mas sim, que sou mais MULHER! Já me sentia assim depois que a Camilly nasceu, e agora me sentia ainda mais forte ao passar pelo que passei até estar com a Arielly nos braços.


Arielly nasceu as 19:13 hs, do dia 24/05/2014 após 41 semanas e 2 dias de gestação com 3.640 kg, linda, enorme e perfeita! Após 19 horas de um trabalho de parto em que minhas vontades foram respeitadas, não fui privada de comer nem beber, tive liberdade de movimentos, e a Arielly teve seu nascimento respeitado e sem procedimentos desnecessários.
Veio para o meu colo e abocanhou meu seio e mamou tranquila e calma, como se já tivesse feito isso antes. A Mari disse que ela "nasceu criada." E nasceu mesmo, enfrentou o sistema comigo!"


Agradecimentos:
A Deus pelas bênçãos.
A minha família e amigos pelas vibrações positivas. A Camilly que rezou pela mamãe e pela "Tata".
A equipe da Unesp por respeitar o nosso momento.
E em especial à Mariana Castello Branco, por todo apoio, dedicação, paciência, carinho, incentivo e amor.
E ao amor da vida Gabriel Silva, por segurar minhas mãos, pela paciência e carinho, e principalmente por permanecer ao meu lado o tempo todo me encorajando e mostrando que o nosso amor é lindo!!!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Relato da Livia - O Nascimento de Pedro 26/10/2013.

O parto do Pedro teve inicio muito tempo antes que as contrações começassem, foi no ano de 2009 que uma pessoa muito querida me falou da experiência incrível que tinha tido ao parir na água, naquela época eu não pensava em filhos, mas aquele relato me tocou profundamente, e dentro de mim ficou a vontade de parir na água.


Alguns anos depois, no final de 2012 veio a vontade de engravidar, comecei a pesquisar na internet sobre o tal parto da água, e que surpresa! Descobri que parir, algo que eu considerava simples e natural, havia se transformado em uma linha de produção, frio, calculado, bem ao estilo fordista. Logo eu e meu marido percebemos a necessidade de encontrar profissionais que partilhassem dos mesmos ideais que a gente, o parto humanizado!

E com muita procura, um pouco de angustia pela demora, muitos telefonemas os anjos disseram amem! Veio a dupla perfeita, a médica mais incrível que já conheci e a doula mais amorosa do mundo, que alivio! Foi empatia a primeira vista.


A gravidez foi tranqüila, filhote crescendo, a mãe comendo hehehe a data do parto foi chegando. Numa sexta feira de manhã tive minha consulta semanal, tudo normal, 40 semanas e 5 dias, filhote poderia vir a qualquer momento, a gente fica numa ansiedade danada, ainda mais porque não tinha ideia de como seria a tal da contração, uma coisa tão particular de cada mulher. 

Lua mudando para minguante e as duas da madrugada senti uma cólica bem forte, logo veio outra, levanto e vou andar pela casa, a noite esta linda, estrelada, as cólicas não param, depois de uma hora ligo pra Claudinha pedindo orientações, acordo o marido que fica super assustado de já fazer uma hora que estou tendo cólicas, hora de ir pro hospital.

Chegando lá, vimos que realmente era o trabalho de parto, sentia muitas cólicas, meio sem saber o que fazer fui encaminhada para o quarto, nossa foi o pior momento, sozinha, cheia de dores. Quando a Claudinha abriu a porta e entrou sorrindo com um copo de suco, parecia um raio de sol! Logo veio meu marido, fui pro chuveiro, bola, a partolândia tinha começado.


Depois de um tempo fomos pra sala de parto, a Mari chegou. Ficamos eu, marido, Claudinha, Mari e Pedrão ali se preparando pra nascer. 

É difícil definir a dor neste momento, dói muito, senti medo, o apoio de todos foi fundamental, cada um me animava de um jeito, mantinham o clima leve, eu pensava “já vim ate aqui, vamos em frente”, e fomos indo. 

Deitava, levantava, andava, urrava, ganhava massagem, entrei e sai da banheira, no final me encontrei sentada na banqueta.

Hoje vejo como foi importante estar bem acompanhada ali neste momento, o marido completamente envolvido com o parto, praticamente pariu comigo, a Claudinha me deixando segura que tudo estava bem, a Mari me incentivando e encorajando, nossa! 

Obrigada gente, vocês foram demais!!

Com toda essa força, chegou o momento em que eu vi pelo espelhinho uma cabecinha cabeluda querendo vir ao mundo, nossa, a emoção é indescritível, é um misto da dor mais dolorida do mundo com o amor mais incrível do mundo! 


Acho que a dor é um rito de passagem, é como um transe onde quem eu era ficou pra trás e uma nova eu surgiu, mãe! Mais uma força e lá vem ele, direto nas mãos do pai e depois para mim, para o seio, para o mundo com seus olhinhos curiosos, desbravador do universo!


Depois já no quarto com ele ali no colo aprendendo a mamar já não existe dor, só um amor infinito! Muitas palavras de incentivo da Mari, juntas vimos a primeira mamada do Pedro... primeira de muitas, o seio logo se tornou seu lugar preferido aqui fora.


Hoje recordando esses momentos sinto essas duas mulheres como parte da minha vida, elas são parte de um momento impar, me deram força e coragem. 

Fiquei tão corajosa que o próximo parto espero elas em casa!!! <3

sábado, 13 de setembro de 2014

O Evento

"O Renascimento do Parto em Botucatu."


Antes mesmo do filme ser exibido nacionalmente, eu tive a oportunidade de assisti-lo em um congresso em Sorocaba. Ele foi exibido ainda inacabado, para uma platéia de pessoas informadas e envolvidas com a ideia da Humanização, médicos, enfermeiras, doulas, parteiras, gestantes, mães que puderam passar pela experiencia do parto e também estavam ali em busca de mais informação.
E logo ali, naquela primeira oportunidade de ser visto já foi sucesso absoluto! E realmente o caminho foi esse...o filme foi exibido em grande parte do território nacional , foi recorde de financiamento coletivo no Brasil, ganhou diversos prêmios pelo mundo afora...e então nosso encontro para a divulgação do filme em Botucatu foi assim...Lindo!! <3
Gostaria de Agradecer a todos que me ajudaram, direta ou indiretamente. Sem apoio o evento não teria acontecido! Obrigada!







Todas as fotos do evento AQUI!!!