quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Relato de parto da Josy - Nascimento do Henrique.

 

 A chegada do nosso Henrique envolve a participação de muitas pessoas, começando com a concepção, pois devido a uma deficiência hormonal eu não ovulo naturalmente. Foram 4 tentativas (tratamentos) em sete anos para, finalmente, a gestação ocorrer.Durante esse processo conhecemos pessoas muito especiais, a quem somos gratos e com as quais dividimos essa alegria: Dra. Anaglória, Dra. Ana Gabriela, Dra. Anice, Dra. Lucia (FMB da UNESP de Botucatu) e os demais profissionaisda UNESP que nos acompanharam. Neste último tratamento, recebi injeções hormonais diárias durante 2 semanas, acompanhamento ultrassonográfico periódico, uma inseminação artificial e muitas, muitas vibrações positivas e orações de todas elas!

Juntamente a isso, eu vivia um momento especial de terapia,autoconhecimento e empoderamento com a iluminada Lizandra Hachuy e um processo de purificação com alimentação baseada na terapia ayurvédica com o querido Fernando Mansur. Dessa vez, eu sentia que daria certo! Quinze dias após a inseminação fiz a dosagem de beta-HCG e recebemos a grande notícia: gravidíssima!! Pode parecer bobagem, mas eu sempre quis sentir o gostinho de ver as duas barrinhas naqueles testes de farmácia... aí meu marido comprou 2 testes pra que eu vivesse essa alegria!
            Estávamos grávidos!Foi uma gravidez saudável, sem dificuldades, problemas, nem enjoos! Meu filho me acompanhou nas mais diversas atividades e viagens necessárias para que eu finalizasse meu doutorado. E meu amado esposo foi muito paciente, compreensivo e, principalmente, muito participativo desde o início.

            Sempre desejei o parto normal, mas não tinha conhecimento sobre as peculiaridades dos tipos de parto. Começamos uma peregrinação por informação e, quanto mais eu aprendia mais certeza eu tinha: eu merecia vivenciar um parto natural humanizado, sem intervenções, sem anestesia. Meu marido me apoiou após desfazer seus preconceitos e ampliar seu conhecimento no assunto; a maioria das pessoas arregalava os olhos e me achava louca, mas eu sabia o que queria e o porquê. Conhecemos nossa doula Mariana Castello Branco e começamos a participar dos encontros do grupo de apoio ao parto, pós parto e maternidade “Do fundo do ventre”, cujas reuniões só aumentavam a certeza de nossa decisão.

No oitavo mês de gestação as ultrassonografias mostravam que nosso filho estava pélvico (sentado) o que, segundo o meu até então obstetra, não permitiriao parto normal. Estudamos mais, assistimos a vídeos de partos pélvicos e percebemos que sim, era possível. No entanto, a cada visita ao médico, sua insegurança quanto a esse tipo de parto o fazia encontrar os mais diversos motivos para que eu aderisse à cesariana, mas essa não era a minha vontade. Com ajuda da Mariana conhecemos a Dra. Claudia Magalhães que, com seu sorriso e olhar sereno, nos conquistou à primeira vista (Gratidão Mariana!!!). Conversamos a respeito das possibilidades: tentar a versão externa para posicionar o bebê em apresentação cefálica ou o parto natural mesmo estando pélvico (somente ela aceitou nos assistir nesse tipo de parto). 
Diante disso, fiz sessões de acupuntura com a Lizandra, fiz os exercícios da Naoli e uns exercícios de yoga que auxiliam na virada do bebê. Também tentamos a versão com a Dra. Cláudia, mas nosso Henrique continuava pélvico.... ele já havia escolhido nascer assim! As consultas com meu obstetra iam minando minhas esperanças de vivenciar o parto natural. Comecei a me sentir psicologicamente abalada e insegura, além de pressionada por ele a agendar a cesariana antes de entrar em trabalho de parto! Não...não era essa a minha vontade!!!Algumas pessoas começaram a nos desestimular contando histórias de tragédias em nascimentos...Sabemos que não é por mal, mas o problema é que as pessoas projetam seus próprios medos em algo que não é delas. E então as nossas parceiras Lizandra e Mariana nos ajudaram a perceber que éramos nós que devíamos decidir, afinal EU era a protagonista do MEU parto! Não foi fácil, mas nos fortalecemos muito nessa luta. Foi então que nos responsabilizamos pelo parto do Henrique e decidimos abandonar, aos 9 meses de gestação, o primeiro obstetra (que ainda insistia em agendar a cesariana). Nos jogamos de corpo e alma no processo de escrever o plano de parto, tirar as dúvidas com nossa doula Mariana e conversar com Dra. Cláudia para que ela nos acompanhasse no parto. Infelizmente, em nosso país a maioria dos médicos indica a cesariana em nascimentos de bebês pélvicos por desconhecerem ou não possuírem experiência na assistência a esse tipo de parto. Nossa escolha havia nos levado a alguém com essa experiência. Gratidão Dra., por nos receber, acolher e auxiliar no parto.

O dia 24 de fevereiro amanheceu e eu era membro da banca de defesa de mestrado de uma amiga, mas não compareci pois não me sentia bem. Fiquei muito chateada, chorei muito porque seria membro da banca de defesa demestrado de uma amiga muito especial, mas segui minha intuição e fiquei em casa, repousando. Sentia umas pontadas embaixo da barriga, mas não me preocupei. À noite, fui à UNESP dizer para a Dra. Cláudia que nossa decisão sobre o parto natural estava tomada e firmar nosso pedido para que ela nos assistisse no parto. Eu e o Henrique (ainda na barriga) ouvimos tudo com muita atenção, especialmente quando ela disse: “AhJosy, seria tão bom se ele nascesse hoje, pois estou de plantão... no final de semana estarei fora, em um Congresso”. Voltei para casa, com minhas 39 semanas e 5 dias de gestação, entregando tudo ao Universo e à sua poderosa energia. Meu marido chegou da faculdade onde é professor,trazendo um pedaço de bolo de aniversário da minha cunhada Isabel, afinal grávidas não passam vontade (rs), e contei a ele o que havia conversado com a Dra. Ele sorriu, confiante de que daria tudo certo. Quando me levantei, após devorar o maravilhoso bolo prestígio, senti a bolsa rompendo e o líquido escorrendo por minhas pernas. Meu companheiro veio ver o que estava acontecendo e só consegui dizer “Começou amor... o Henrique está vindo!”.

Terminei de arrumar minhas coisas pra levar à maternidade, avisamos a Mariana e a Dra. Cláudia que o TP havia começado. Era uma mistura de sensações, eu estava feliz, empolgada e ansiosa. Sabíamos o que estava por vir, mas imaginei que a madrugada seria regada a contrações espaçadas e iríamos ao hospital somente pela manhã. Tentei deitar e descansar um pouco mas não consegui; à 1h da manhã as contrações já vinham a cada 10 minutos, mesmo assim optamos por não chamar a Mariana. Fui pro chuveiro tendo meu maridocomo observador, cronometrista e fotógrafo. Sim, curtimos o momento fazendo fotos entre e durante as contrações,que ficavam cada vez mais fortes e já vinham a cada 5 minutos. Quando começaram a ficar mais intensas e eu comecei a ter a sensação de que iria desmaiar (parecia que minha pressão estava baixa) ligamos para a Dra. e seguimos para a UNESP. Ao chegar lá (3:30h), Dra. Claudia me tranquilizou aferindo minha pressão, que estava normal (era só uma sensação de pressão baixa), e me deu uma notícia maravilhosa ao me examinar: “Você já está quase com dilatação total! Marido, liga pra Mariana e diz pra ela pular da cama se quiser assistir ao parto!! (rsrsrs)”. Fomos pra sala de parto, experimentei como deveria ser minha posição no momento da fase expulsiva do TP (quatro apoios, ajoelhada em um colchão com o peito apoiado em uma bola – aquelas de pilates), e nessa posição fiquei. Tive liberdade para caminhar, mas as contrações não me permitiam. Abracei aquela bola com toda a força do mundo e me entreguei totalmente à partolândia e ao nascimento do Henrique. Recebi o carinho nas massagens da Mariana, água, amor e apoio do meu amado esposo João Guilherme, o cuidado e as palavras encorajadoras da Dra. Claudia e as boas energias da Lizandra, que não dormiu esperando notícias!!

Não tive medo em nenhum momento. Havia uma atmosfera de paz, amor e segurança naquela sala. Quando já estava bastante cansada, perguntei se ele estava chegando e a Dra. sugeriu que eu tentasse tocá-lo. Com alegria pude sentir o bumbum muito próximo de sair (bebê pélvico = nasce o bumbum primeiro) e me entreguei novamente ao trabalho de parto. Assim, às 6:48h da manhã do dia 25 de fevereiro de 2015, Henrique veio ao mundo tranquilo, fazendo xixi e, em silêncio, abriu os olhos. Chorou só um tiquinho e se acalmou no meu colo (as “tias” e o papai choraram também). Pude então sentar, abraçada pelo meu marido e com meu filho nos braços. A pediatra de plantão daquela manhã (minhas desculpas à dra cujo nome não me recordo) avaliou os sinais vitais dele sem tirá-lo de mim. Esperamos o cordão umbilical parar de pulsar e o valente papai Gui o cortou dizendo mentalmente ao nosso bebê: “Meu filho, a partir de agora você poderá seguir seu caminho neste mundo. Esse caminho será só seu, mas papai e mamãe sempre estarão aqui para te ajudar, guiar, acudir ou só para te dar colo”. O Henrique começou a sugar o colostro ali mesmo! Tudo o que havíamos escrito no Plano de Parto foi respeitado. Henrique nasceu saudável, com 48cm, 3,135kg, de um parto natural e humanizado. Nasceram também a mãe Josy e o pai João Guilherme. Houve ainda a expulsão da placenta e outra boa notícia: não seria necessária a sutura do períneo, pois a laceração havia sido muito pequena. Fomos pro quarto com nosso filho logo em seguida e, à tarde, eu mesma dei o primeiro banho nele!

Essa experiência foi muito intensa, especial e transformadora pra mim, pra nós. Sou imensamente grata a todos que participaram destes momentos e que nos apoiaram! Foi tudo tão possível que lá mesmo na sala de parto, enquanto esperava a saída da placenta, eu já pensava no próximo... no próximo parto, porque não? Tenho certeza de que será tão maravilhoso quanto este. Se parir dói???Dói, dói muito! Mas vale saborear cada momento, cada contração, por que o que fica vivo na memória não é a dor, mas a satisfação por ser capaz de se permitir realizar e se transformar! Nosso corpo é preparado para isso, e a natureza, assim como as peculiaridades de cada organismo, precisam ser respeitadas.

Se você, que está lendo esse relato, tem vontade de parir de forma natural, não desista! Informe-se, procure e participe de grupos de apoio ao parto humanizado, contrate uma doula e procure assistência médica que possibilite isso de verdade, não só na teoria.
Ah... e se é possível dar à luz a um bebê pélvico de forma natural? Sim, é possível! E me orgulho muito por ter vivenciado isso de forma tão intensa, real, por ter me partido ao meio e renascido totalmente nova deste processo. Estamos há 8 meses vivendo intensamente a maternidade/paternidade real, vencendo desafios, dificuldades e curtindo cada conquista do nosso filho!
Nossa eterna gratidão à você, Mariana, por todo apoio durante essa maravilhosa experiência até os dias de hoje!




Um comentário:

  1. Obrigada pelo depoimento! Ainda n tenho filhos, mas muita vontade de ter parto, normal e se Deus quiser irei conseguir!

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