A chegada do nosso Henrique envolve a
participação de muitas pessoas, começando com a concepção, pois devido a uma
deficiência hormonal eu não ovulo naturalmente. Foram 4 tentativas (tratamentos)
em sete anos para, finalmente, a gestação ocorrer.Durante esse processo
conhecemos pessoas muito especiais, a quem somos gratos e com as quais
dividimos essa alegria: Dra. Anaglória, Dra. Ana Gabriela, Dra. Anice, Dra.
Lucia (FMB da UNESP de Botucatu) e os demais profissionaisda UNESP que nos
acompanharam. Neste último tratamento, recebi injeções hormonais diárias
durante 2 semanas, acompanhamento ultrassonográfico periódico, uma inseminação
artificial e muitas, muitas vibrações positivas e orações de todas elas!
Juntamente a isso, eu vivia um momento especial de
terapia,autoconhecimento e empoderamento com a iluminada Lizandra Hachuy e um
processo de purificação com alimentação baseada na terapia ayurvédica com o querido
Fernando Mansur. Dessa vez, eu sentia que daria certo! Quinze dias após a
inseminação fiz a dosagem de beta-HCG e recebemos a grande notícia:
gravidíssima!! Pode parecer bobagem, mas eu sempre quis sentir o gostinho de
ver as duas barrinhas naqueles testes de farmácia... aí meu marido comprou 2
testes pra que eu vivesse essa alegria!
Estávamos grávidos!Foi uma gravidez
saudável, sem dificuldades, problemas, nem enjoos! Meu filho me acompanhou nas
mais diversas atividades e viagens necessárias para que eu finalizasse meu
doutorado. E meu amado esposo foi muito paciente, compreensivo e,
principalmente, muito participativo desde o início.
Sempre desejei o parto normal, mas
não tinha conhecimento sobre as peculiaridades dos tipos de parto. Começamos
uma peregrinação por informação e, quanto mais eu aprendia mais certeza eu tinha:
eu merecia vivenciar um parto natural humanizado, sem intervenções, sem
anestesia. Meu marido me apoiou após desfazer seus preconceitos e ampliar seu
conhecimento no assunto; a maioria das pessoas arregalava os olhos e me achava
louca, mas eu sabia o que queria e o porquê. Conhecemos nossa doula Mariana
Castello Branco e começamos a participar dos encontros do grupo de apoio ao
parto, pós parto e maternidade “Do fundo do ventre”, cujas reuniões só
aumentavam a certeza de nossa decisão.
No oitavo mês de gestação as ultrassonografias
mostravam que nosso filho estava pélvico (sentado) o que, segundo o meu até
então obstetra, não permitiriao parto normal. Estudamos mais, assistimos a
vídeos de partos pélvicos e percebemos que sim, era possível. No entanto, a
cada visita ao médico, sua insegurança quanto a esse tipo de parto o fazia
encontrar os mais diversos motivos para que eu aderisse à cesariana, mas essa
não era a minha vontade. Com ajuda da Mariana conhecemos a Dra. Claudia Magalhães
que, com seu sorriso e olhar sereno, nos conquistou à primeira vista (Gratidão
Mariana!!!). Conversamos a respeito das possibilidades: tentar a versão externa
para posicionar o bebê em apresentação cefálica ou o parto natural mesmo estando
pélvico (somente ela aceitou nos assistir nesse tipo de parto).
Diante disso,
fiz sessões de acupuntura com a Lizandra, fiz os exercícios da Naoli e uns
exercícios de yoga que auxiliam na virada do bebê. Também tentamos a versão com
a Dra. Cláudia, mas nosso Henrique continuava pélvico.... ele já havia
escolhido nascer assim! As consultas com meu obstetra iam minando minhas
esperanças de vivenciar o parto natural. Comecei a me sentir psicologicamente
abalada e insegura, além de pressionada por ele a agendar a cesariana antes de
entrar em trabalho de parto! Não...não era essa a minha vontade!!!Algumas pessoas
começaram a nos desestimular contando histórias de tragédias em nascimentos...Sabemos
que não é por mal, mas o problema é que as pessoas projetam seus próprios medos em
algo que não é delas. E então as nossas parceiras Lizandra e Mariana nos ajudaram
a perceber que éramos nós que devíamos decidir, afinal EU era a protagonista do
MEU parto! Não foi fácil, mas nos fortalecemos muito nessa luta. Foi então que
nos responsabilizamos pelo parto do Henrique e decidimos abandonar, aos 9 meses
de gestação, o primeiro obstetra (que ainda insistia em agendar a cesariana).
Nos jogamos de corpo e alma no processo de escrever o plano de parto, tirar as
dúvidas com nossa doula Mariana e conversar com Dra. Cláudia para que ela nos
acompanhasse no parto. Infelizmente, em nosso país a maioria dos médicos indica
a cesariana em nascimentos de bebês pélvicos por desconhecerem ou não possuírem
experiência na assistência a esse tipo de parto. Nossa escolha havia nos levado
a alguém com essa experiência. Gratidão Dra., por nos receber, acolher e
auxiliar no parto.
O dia 24 de fevereiro amanheceu e eu era membro da
banca de defesa de mestrado de uma amiga, mas não compareci pois não me sentia
bem. Fiquei muito chateada, chorei muito porque seria membro da banca de defesa
demestrado de uma amiga muito especial, mas segui minha intuição e fiquei em
casa, repousando. Sentia umas pontadas embaixo da barriga, mas não me
preocupei. À noite, fui à UNESP dizer para a Dra. Cláudia que nossa decisão
sobre o parto natural estava tomada e firmar nosso pedido para que ela nos
assistisse no parto. Eu e o Henrique (ainda na barriga) ouvimos tudo com muita
atenção, especialmente quando ela disse: “AhJosy, seria tão bom se ele nascesse
hoje, pois estou de plantão... no final de semana estarei fora, em um
Congresso”. Voltei para casa, com minhas 39 semanas e 5 dias de gestação,
entregando tudo ao Universo e à sua poderosa energia. Meu marido chegou da
faculdade onde é professor,trazendo um pedaço de bolo de aniversário da minha
cunhada Isabel, afinal grávidas não passam vontade (rs), e contei a ele o que
havia conversado com a Dra. Ele sorriu, confiante de que daria tudo certo. Quando
me levantei, após devorar o maravilhoso bolo prestígio, senti a bolsa rompendo e o
líquido escorrendo por minhas pernas. Meu companheiro veio ver o que estava
acontecendo e só consegui dizer “Começou amor... o Henrique está vindo!”.
Terminei de arrumar minhas coisas pra levar à
maternidade, avisamos a Mariana e a Dra. Cláudia que o TP havia começado. Era
uma mistura de sensações, eu estava feliz, empolgada e ansiosa. Sabíamos o que
estava por vir, mas imaginei que a madrugada seria regada a contrações
espaçadas e iríamos ao hospital somente pela manhã. Tentei deitar e descansar
um pouco mas não consegui; à 1h da manhã as contrações já vinham a cada 10
minutos, mesmo assim optamos por não chamar a Mariana. Fui pro chuveiro tendo meu
maridocomo observador, cronometrista e fotógrafo. Sim, curtimos o momento
fazendo fotos entre e durante as contrações,que ficavam cada vez mais fortes e já
vinham a cada 5 minutos. Quando começaram a ficar mais intensas e eu comecei a
ter a sensação de que iria desmaiar (parecia que minha pressão estava baixa)
ligamos para a Dra. e seguimos para a UNESP. Ao chegar lá (3:30h), Dra. Claudia
me tranquilizou aferindo minha pressão, que estava normal (era só uma sensação
de pressão baixa), e me deu uma notícia maravilhosa ao me examinar: “Você já
está quase com dilatação total! Marido, liga pra Mariana e diz pra ela pular da
cama se quiser assistir ao parto!! (rsrsrs)”. Fomos pra sala de parto,
experimentei como deveria ser minha posição no momento da fase expulsiva do TP
(quatro apoios, ajoelhada em um colchão com o peito apoiado em uma bola –
aquelas de pilates), e nessa posição fiquei. Tive liberdade para caminhar, mas
as contrações não me permitiam. Abracei aquela bola com toda a força do mundo e
me entreguei totalmente à partolândia e ao nascimento do Henrique. Recebi o
carinho nas massagens da Mariana, água, amor e apoio do meu amado esposo João
Guilherme, o cuidado e as palavras encorajadoras da Dra. Claudia e as boas
energias da Lizandra, que não dormiu esperando notícias!!
Não tive medo em nenhum momento. Havia uma atmosfera
de paz, amor e segurança naquela sala. Quando já estava bastante cansada,
perguntei se ele estava chegando e a Dra. sugeriu que eu tentasse tocá-lo. Com
alegria pude sentir o bumbum muito próximo de sair (bebê pélvico = nasce o
bumbum primeiro) e me entreguei novamente ao trabalho de parto. Assim, às 6:48h
da manhã do dia 25 de fevereiro de 2015, Henrique veio ao mundo tranquilo,
fazendo xixi e, em silêncio, abriu os olhos. Chorou só um tiquinho e se acalmou
no meu colo (as “tias” e o papai choraram também). Pude então sentar, abraçada
pelo meu marido e com meu filho nos braços. A pediatra de plantão daquela manhã
(minhas desculpas à dra cujo nome não me recordo) avaliou os sinais vitais dele
sem tirá-lo de mim. Esperamos o cordão umbilical parar de pulsar e o valente
papai Gui o cortou dizendo mentalmente ao nosso bebê: “Meu filho, a partir de
agora você poderá seguir seu caminho neste mundo. Esse caminho será só seu, mas
papai e mamãe sempre estarão aqui para te ajudar, guiar, acudir ou só para te
dar colo”. O Henrique começou a sugar o colostro ali mesmo! Tudo o que havíamos
escrito no Plano de Parto foi respeitado. Henrique nasceu saudável, com 48cm,
3,135kg, de um parto natural e humanizado. Nasceram também a mãe Josy e o pai
João Guilherme. Houve ainda a expulsão da placenta e outra boa notícia: não
seria necessária a sutura do períneo, pois a laceração havia sido muito
pequena. Fomos pro quarto com nosso filho logo em seguida e, à tarde, eu mesma
dei o primeiro banho nele!
Essa experiência foi muito intensa, especial e
transformadora pra mim, pra nós. Sou imensamente grata a todos que participaram
destes momentos e que nos apoiaram! Foi tudo tão possível que lá mesmo na sala
de parto, enquanto esperava a saída da placenta, eu já pensava no próximo... no
próximo parto, porque não? Tenho certeza de que será tão maravilhoso quanto
este. Se parir dói???Dói, dói muito! Mas vale saborear cada momento, cada
contração, por que o que fica vivo na memória não é a dor, mas a satisfação por
ser capaz de se permitir realizar e se transformar! Nosso corpo é preparado
para isso, e a natureza, assim como as peculiaridades de cada organismo,
precisam ser respeitadas.
Se você, que está lendo esse relato, tem vontade de
parir de forma natural, não desista! Informe-se, procure e participe de grupos
de apoio ao parto humanizado, contrate uma doula e procure assistência médica
que possibilite isso de verdade, não só na teoria.
Ah... e se é possível dar à luz a um bebê pélvico de
forma natural? Sim, é possível! E me orgulho muito por ter vivenciado isso de
forma tão intensa, real, por ter me partido ao meio e renascido totalmente nova
deste processo. Estamos há 8 meses vivendo intensamente a
maternidade/paternidade real, vencendo desafios, dificuldades e curtindo cada
conquista do nosso filho!
Nossa eterna gratidão à você, Mariana, por todo
apoio durante essa maravilhosa experiência até os dias de hoje!
Obrigada pelo depoimento! Ainda n tenho filhos, mas muita vontade de ter parto, normal e se Deus quiser irei conseguir!
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