terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Episiotomia - Um cortezinho nada inocente.

Episiotomia, incisão no períneo para alargar a abertura vaginal, é intervenção criada após a introdução da posição deitada no momento do parto. Sem qualquer estudo que a sustenta e muita evidência científica contra a persistência da episiotomia de rotina é uma das grandes incógnitas da obstetrícia medicalizada.

Supostamente para evitar ferimentos, praticada indiscriminadamente a muitas mulheres, é um "cortezinho limpo" que evita graves lesões perineais e é também um dos maiores mitos entre muitos profissionais.

Na verdade, muitas lacerações profundas correspondem exatamente à episiotomia. O principal argumento apoiando o uso da episiotomia é que "evita as lacerações." Mas hoje, considera-se que as principais causas de desgaste grave é a posição de litotomia, a dilatação forçada quimicamente, os puxos dirigidos e, acima de tudo, a episiotomia. Anos atrás, um dos argumentos favoritos pelos defensores era que a episiotomia impedia danos à cabeça do bebê ao passar pelo canal do parto. Como se a vagina fosse cimento! Certamente, a freqüência de uso de fórceps durante tantos anos contribuiu para a popularidade desta incisão.


Quando a mãe está deitada e é obrigada a empurrar o bebê sobre uma grande área de atrito e contra a gravidade é mais fácil de sofrer laceração nos tecidos profundos, mas se a mulher tem liberdade de movimento, encontra sempre a posição em que a tensão da vulva é menor.
Quando a mulher se inclina para a frente, por exemplo, ou se apoia em alguém, os músculos do interior das coxas podem relaxar e dilatar o períneo mais facilmente. Mesmo quando ocorre alguma laceração, ainda é muito menor do que uma episiotomia.




Este corte do períneo ainda é realizada rotineiramente em alguns hospitais. Se existe liberdade de movimento às parturientes, se elas ficam na posição desejada, conseuquentemente a episiotomia fica limitada, elas raramente ultrapassam os 20%. Na Holanda, por exemplo, existe uma taxa de episiotomia em torno de 8%. Em algumas regiões européias, a taxa é de 6%, enquanto em outros chegam a quase 100%.

Quando o nascimento termina com um reflexo que progride espontaneamente, é muito raro ocorrer lacerações perineais, e quando ocorrem, são mais leves e se curam melhor do que uma episiotomia. Portanto, expulsivos espontâneos, como os que ocorrem na rua ou no carro, raramente são acompanhados por lacerações.


Consuelo Ruiz Velez-Frias, uma das parteiras que tem contribuído para dignificar as mulheres na Espanha, acredita que um dos fatores que influenciam a elasticidade do períneo é a forma como a mulher atinge a dilatação completa. Em seu texto "Como é tratado um parto em casa", Consuelo destaca a importância de permitir que mulheres dilatem no seu próprio ritmo, para que o períneo fique intacto, algo difícil de alcançar quando o parto é acelerado com ocitocina e submetido a um tempo artificialmente encurtado.

Não existem evidências que comprovem que a episiotomia seja realmente necessária, pelo contrário, o que se mostra é que a episio é uma das causas mais comuns de hemorragia pós-parto e infecção, aumenta significativamente a probabilidade de sofrer uma laceração grave e enfraquecer os músculos do pavimento pélvico, favorecendo condições, tais como incontinência e subsequente prolapso. Dr. Wagner, por muitos anos diretor de saúde materno-infantil da OMS, não hesita em qualificá-lo como "mutilação genital".

2 comentários:

  1. Muito interessante! Tive minha bebê em um parto hospitalar sem ocitocina ( demorei p ligar p médica, e acabei dilatando em casa, cheguei no hospital com dilatação quase completa), em um parto muito fácil (a fase expulsiva durou 20 min). A única coisa de q me arrependo foi a episiotomia, pois a recuperação eh horrível e dolorosa. No próximo filho, não quero episio, e agora sei de outros fatores além da dor na recuperação!

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  2. È isso mesmo Alessandra. Informe-se! O corpo é seu! A decisão é sua!

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