Apesar
de pouco difundida, a amamentação já na primeira hora de vida traz uma
série de benefícios para a mãe e para o bebê no período neonatal --que
vai desde o nascimento até o 28º dia de vida.
Por exemplo, a primeira imunização, por meio do colostro --leite ainda
em formação, mas rico em anticorpos--, é recebida com mais imediatismo
pelo organismo, o que aumenta a proteção do bebê contra infecções, a
principal causa de mortalidade nos recém-nascidos.
Em segundo lugar, a mamada da criança estimula bastante a produção de
leite materno e agiliza a liberação do hormônio ocitocina, cuja ação
induz as contrações do útero e ajuda a evitar hemorragias no pós-parto. O
efeito é tão mais eficaz quanto mais cedo o bebê começar a mamar, pois
a sucção nos primeiros momentos de vida é mais vigorosa.
Também é desejável que o contato pele a pele entre mãe e filho aconteça
rapidamente. "Isso transmite calor e conforto ao bebê, além de
reforçar os vínculos afetivos", esclarece a presidente do departamento
de aleitamento materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo,
Valdenise Tuma Calil.
No Brasil, não há estatísticas atuais sobre a amamentação na primeira
hora de vida. Segundo o diretor do departamento de Ações Programáticas e
Estratégicas do Ministério da Saúde, Adson França, porém, essa não é
uma praxe, como deveria ser.
Se colocada na rotina, a prática pode reduzir significativamente a
mortalidade de recém-nascidos. Uma pesquisa realizada em Gana, na
África, com 10.948 recém-nascidos entre 2003 e 2004 mostrou que a
amamentação na primeira hora pode reduzir em 22% o risco de morte no
primeiro mês de vida, o período de neonatal.
"Por isso, nós damos uma grande ênfase a isso. Começamos um trabalho de
qualificação de agentes comunitários para que o aleitamento materno
entre na rotina", diz França.
O mais rápido possível:
O ideal é que, após o nascimento, o bebê seja colocado junto à mãe o
quanto antes, com o mínimo de intervenções possível, explica a médica
pediatra e professora da Unifesp e da Unisa, Lélia Gouvêa. "O pediatra
faz um exame geral, seca o bebê com delicadeza e, em minutos, devolve-o à
mãe."
O Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, preconiza o
imediatismo. A instituição mantém o programa "Sentindo a Luz". Logo ao
nascer, o bebê já será colocado para mamar. A idéia é que o pai ajude a
mãe na tarefa, amparando o recém-nascido, já que a mulher,
provavelmente, ainda estará com soro no braço.
"Numa cesárea, por exemplo, enquanto o cirurgião costura a parturiente,
o bebê já estará mamando. No parto normal, funcionará da mesma forma",
explica Alberto d'Auria, ginecologista e obstetra do Hospital São
Luiz, em São Paulo.
Fonte: Folha de São Paulo
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